O arcebispo metropolitano de Belém, Dom Orani João Tempesta, teve uma audiência com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, na sede da Procuradoria Regional da República do Pará.
Dom Orani cobrou uma maior presença do Ministério Público Federal no interior paraense. Ele quer evitar mais mortes de missionários cristãos católicos, como ocorreu com a irmã Dorothy Stang. Dom Orani demonstrou preocupação com as ameaças de morte ao bispo do Xingu, Dom Erwin Krautler, e dos padres José Boeing e Edilberto Sena, ambos da diocese de Santarém.
De acordo com o procurador da República no Pará, Felício Pontes Júnior, o procurador-geral ouviu atentamente aos pedidos de Dom Orani e garantiu que todas as reivindicações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) serão entregues ao ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos. Segundo Felício Pontes Júnior, o Ministério Público Federal aumentará sua presença no interior, mas a forma da atuação do efetivo de procuradores da região não foi divulgada. Isso ocorre porque o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, discutirá as ações imediatas com o ministro Márcio Tomaz Bastos para, em seguida, as providências mais urgentes serem tomadas.
O procurador Felício Pontes Júnior chamou a atenção para este pedido da CNBB, entregue por Dom Orani. Segundo o procurador, nunca a Igreja Católica tinha feito um pedido desta natureza. O procurador acredita que as ameaças ao bispo do Xingu, Dom Erwin Krautler, são oriundas de lideranças empresariais das áreas pecuarista e madeireira, além de grandes empresas do agronegócio.
Ele confirmou que a população local, composta de ribeirinhos e quilombolas, estão perdendo suas moradias devido ao avanço do agronegócio, da pecuária extensiva com seus pastos e da indústria madeireira. Quanto à atuação da Justiça Federal no interior, Felício Pontes Júnior disse apenas que a ação aumentará durantec este ano.
Para Felício Pontes Júnior, os religiosos católicos estão agindo em defesa da população local, que vem sendo massacrada por grandes grupos empresariais do setor primário da economia paraense. ‘O procurador-geral da República ficou extremamente sensiblizado com o pedido de Dom Orani’, disse Pontes Júnior.
Já as ameaças aos padres da diocese de Santaré, José Boeing e Edilberto Sena, foram feitas pela internet, por meio das comunidades virtuais. Felício Pontes Júnior disse ainda que a ação destes empresários está desrespeitando a Constituição brasileira. Ele deu o exemplo da empresa estadunidense Cargil, que teve todas as suas construções irregulares para o escoamento da soja, ao começar pela própria instalação da empresa.
Na carta entregue ao procurador-geral da república, Dom Orani disse que ele um porta-voz da CNBB na região Norte e pede proteção aos bispos e padres, além do estabelecimento dos direitos do excluídos, com destaque para os ribeirinhos e comunidades quilombolas. Dom Orani acredita que os problemas no setor rural paraense sejam provenientes do choque de interesses dos modelos de desenvolvimento praticados na Amazônia.
Na carta, a CNBB demonstra que é contra ao desmatamento irracional, à destruição do meio ambiente e à falta de salvaguardas para a biodiversidade da Amazônia. ‘As dioceses acompanham o drama da população por meio do trabalho pastoral, mas a região continua sem uma presença eficaz dos poderes constituídos, deixando grandes espaços para uma ação violenta contra a floresta e várias populações nativas’, disse Dom Orani, por meio da carta entregue ao procurador-geral da República.
Fonte: O Liberal