Sem mulheres com placas entre os rounds nem álcool na plateia, o Ultimate Reborn Fight (URF) serve de cenário para atrair jovens que não dedicariam uma noite de sexta-feira à religião.

[img align=left width=300]https://thumbor.guiame.com.br/unsafe/smart/media.guiame.com.br/archives/2017/06/01/4064290285-.jpg[/img]Promovida pela Igreja Apostólica Renascer em Cristo, a disputa é realizada na Arena Renascer, no ginásio da Portuguesa, em São Paulo. Diferente de outros eventos profissionais de MMA (Mixed Martial Arts), cerca de 3 mil pessoas cercam o octógono para verem as lutas e ouvirem palavras de fé.

“O MMA é um esporte que exige muita dedicação e trabalho. Na igreja ele é praticado com a mesma qualidade: respeitando regras, com ordem e decência. Então não é manifestação de violência”, disse à BBC Brasil o apóstolo Estevam Hernandes Filho, de 63 anos, fundador da Renascer.

Hernandes conta que, inicialmente, a igreja abriu suas portas aos treinos para “atrair mais jovens para o esporte”. A grande procura motivou a realização do primeiro grande torneio de MMA profissional da Renascer em 2013, que também formou seu time de atletas chamado “Reborn Team” (Time Renascer, em tradução livre).

Boa parte do público é formada por fiéis da Renascer e fãs dos lutadores. O sermão bispo Leandro Miglioli, de 41 anos, mais conhecido como bispo Lê, promove engajamento entre o público.

No octógono os atletas são todos profissionais, ainda que em início de carreira. Não é preciso treinar na igreja e nem ser ligado à Renascer para participar do evento, que vale registro no Sherdog, o banco de dados que é referência no MMA. O pagamento costuma ser em ingressos para os próprios torneios, de acordo com o nível do atleta.

O atleta José Alexandre, mais conhecido como Zé Reborn, tem sido um dos destaques nos treinos da Renascer. “Comecei a treinar na igreja, mas ficava naquela: ‘Caramba, treinar um esporte violento na igreja’. Mas quando a pessoa conhece não é nada daquilo que se pensa. Pessoas de fora criticam e acabam se entregando, aceitando, se reconciliando com Deus e tudo mais”, afirma.

Apesar de ser celebrado pelo público, o lutador ainda não consegue viver do esporte. Mesmo sabendo que um eventual patrocínio poderia ajudá-lo a se dedicar ao MMA em tempo integral, ele não demonstra ansiedade e diz que a parte financeira não é prioridade. “É uma honra lutar pela igreja. Não é sobre dinheiro. É conversão”, ele disse.

[b]Dar o outra face
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[img align=right width=300]https://thumbor.guiame.com.br/unsafe/840×500/smart/media.guiame.com.br/archives/2017/06/01/114060300-roberto-pedroso-pastor-giraia.jpg[/img]Boa parte dos jovens atletas passou pelas mãos de Roberto Pedroso, de 38 anos, o pastor Giraia. Praticante de artes marciais desde 1989, Giraia passou a integrar a Renascer em 2001 e está à frente do Reborn Team desde o começo dos torneios. “Muitas vezes você convida as pessoas a uma igreja e elas não vão, mas a uma noite de lutas elas vão”, ele conta.

O pastor rebate as críticas à ligação entre MMA e fé. “Já disseram que a igreja era ridícula, ironizando os torneios com a frase de Jesus sobre ‘oferecer a outra face’. Cada um pensa o que quer. Estou salvando vidas e fazendo o que Deus me chamou a fazer”.

De acordo com Hernandes, o próximo passo da igreja no MMA é promover um a dois eventos profissionais por ano e criar uma escola na favela de Heliópolis, em São Paulo. “Nosso objetivo é investir mais nestes eventos, não apenas em São Paulo, mas em outras regiões do país”.

[b]Fonte: Guia-me[/b]

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