As igrejas cristãs reproduzem, em geral, discurso racista e sexista que impede a promoção de congregações realmente inclusivas, avaliaram participantes do III Encontro Afro-Cristão, reunido na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), de 28 a 30 de maio.
A imagem idealizada de um cristão no Brasil é de uma pessoa branca, com poder de decisão delegado aos homens. Muitos negros pertencentes a segmentos religiosos cristãos procuram adequar-se a essa imagem, embranquecendo sua estética, mente e espiritualidade, constataram participantes do encontro.
O evento tratou de questões pertinentes à auto-estima das negras e negros cristãos, suas características biológicas e psicológicas, a auto-aceitação e como são acolhidos na sociedade e no contexto das igrejas.
Reunidos em torno do tema “Gênero e Negritude – uma perspectiva cristã”, o encontro de São Paulo contou com a participação do presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), bispo Julio Murray, que ministrou conferência sobre o tema “Mitos e desafios da masculinidade negra”.
Siomara Rita da Silva também palestrou no encontro, trazendo contribuições para o debate em torno da “Estética na perspectiva da saúde da mulher negra”.
“Estas duas temáticas trabalhadas pelo bispo Murray e por Siomara serviram como incentivo para que as comunidades cristãs possam discutir questões pertinentes à masculinidade e à feminilidade negra a partir de outro prisma”, anotou a professora Selenir Kronbauer, coordenadora do Grupo Identidade da Faculdades EST.
Como resultado imediato do encontro, os participantes pretendem atuar enquanto multiplicadores de ações direcionadas para o fortalecimento e a auto-estima da pessoa negra, incentivando a formação de grupos de estudos sobre o tema.
Atuaram como instituições parceiras do III Encontro Afro Cristão o Grupo Identidade, a Sociedade Cultural Missões Quilombo, de São Paulo, a Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil (ANNEB) e a Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo (CENACORA).
O evento de São Paulo foi organizado pela Coordenadora do Ministério de Ações Afirmativas Afrodescendentes da Igreja Metodista, Diná da Silva Branchini, e pela Coordenadora da Pastoral de Negritude do Conselho Latino- Americano de Igrejas/ Região Brasil, Vera Maria Roberto. Patrocinaram o encontro a Patoral de Negritude do Conselho Latino-Americano de Igrejas (Clai), a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) e a Umesp.
Fonte: ALC