Em visita aos presbiterianos brasileiros, o pastor Jung Hyun Oh diz que as Igrejas coreana e brasileira terão papel fundamental na evangelização do mundo.

O pastor Jung Hyun Oh foi o convidado especial da Assembleia Geral do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), realizada na capital paranaense, Curitiba, em julho. Hyun é o líder da Sarang Community Church, em Seul, na Coreia do Sul. A igreja, ligada à denominação Presbiteriana, tem cerca de 80 mil membros e surgiu há 30 anos, no contexto da explosão evangélica que fez daquele país uma potência espiritual na Ásia.

Nesta conversa com CRISTIANISMO HOJE, o pastor Hiyn compartilha um pouco das impressões que teve do Brasil e revela acreditar muito no potencial do trabalho a ser desenvolvido, em escala global, pelas igrejas plantadas em nações emergentes. “Precisamos nos empenhar pela salvação das almas sem Cristo”, diz. Na sua opinião, cabe aos crentes brasileiros e sul-coreanos papel fundamental no cumprimento da Grande Comissão de Cristo.

CRISTIANISMO HOJE – Qual foi sua impressão sobre a Igreja Presbiteriana do Brasil durante este evento?

Venho de um ano sabático concedido por minha igreja. Neste período, Deus permitiu que eu levasse sua Palavra no 100º aniversário da Conferência Missionária Mundial em Edimburgo, na Escócia, e agora novamente, na Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana no Brasil. Eu entendo que ser convidado pela IPB como o primeiro pregador estrangeiro a falar na abertura de sua Assembleia Geral é uma grande honra. Senti aqui em Curitiba a mesma paixão ardente que vi nas igrejas coreanas dos anos 1970 e 80, quando o Evangelho começou a crescer enormemente em meu país. No momento em que pregava, o pensamento que me veio à mente foi o de que estava falando a crentes do país sobre o qual repousa uma grande responsabilidade. E eu tenho uma firme convicção no potencial da Igreja Presbiteriana do Brasil para cumprir sua missão.

O senhor acha que pode haver mais cooperação entre as Igrejas brasileira e coreana a favor da obra missionária?

O que eu estou esperando é que, a partir dessa relação entre as Igrejas dos dois países, a obra missionária seja fortalecida. O Brasil é o segundo maior país evangélico do mundo. A Igreja da Coreia, por sua vez, tem recebido muitas bênçãos. Os dois países têm, portanto, uma responsabilidade sagrada de servir ao mundo, e seria ótimo se, pela graça de Deus, pudéssemos unir forças para completar a missão global. Pode haver opiniões diferentes, mas, como Paulo, Barnabé e Apolo fizeram, devemos superar nossas diferenças e usar nossos os dons dados por Deus para o trabalho conjunto em favor do Evangelho. Este é o desejo sincero do meu coração. Se não formos capazes de assumir a liderança da obra missionária, baseados na Palavra de Deus, nossas igrejas também enfrentarão as mesmas dificuldades e sofrerão o declínio que observamos hoje na Igreja europeia. David Brainerd, missionário entre os indígenas americanos, disse certa vez: “Se eu puder trazer uma alma para Jesus, não me importo onde estou, como eu vivo e o que tenho de suportar.”

Como é o relacionamento entre as igrejas tradicionais e as pentecostais na Coreia do Sul?

Na Coreia, as diferenças teológicas entre as igrejas pentecostais e outras denominações não impedem o trabalho conjunto. Temos conselhos que reúnem representantes de diferentes denominações, abrindo canais de diálogo entre elas, como o Conselho Cristão da Coreia (CCK) e o Conselho Nacional de Igrejas da Coreia (NCCK). Tem havido uma cooperação ativa entre os diferentes grupos evangélicos. Também a nível local, pastores de diferentes origens são convidados a pregar em igrejas co-irmãs. Eu mesmo tenho pregado na Igreja do Evangelho Pleno Yoido, do reverendo David Yonggy Cho, e temos recebido aquele irmão na Sarang Community Church.

A rejeição ao ministério feminino, ratificada neste encontro da IPB, contraria uma tendência crescente no segmento evangélico do Brasil, onde cada vez mais denominações estão ordenando pastoras e bispas. Qual a sua opinião sobre o assunto e como o tema tem sido tratado na Coreia do Sul?

A ordenação das mulheres é uma questão controversa que também não foi completamente resolvida em meu país. A grande maioria das igrejas coreanas, incluindo a denominação a que pertenço, se opõe a isso, com base nos aspectos históricos, teológicos e culturais envolvidos na discussão. No entanto, isso não significa que estamos enfrentando conflitos; a divergência não impede, por exemplo, que defensores e opositores do sacerdócio feminino trabalhem conjuntamente pelo Reino de Deus. Como membro da Igreja Presbiteriana da Coreia, não me sinto em liberdade para adotar opinião diferente da de minha denominação. No entanto, reconheço a liderança das mulheres e encorajo sua participação em muitas outras áreas da igreja que não sejam na qualidade de pastor, presbítero ou diácono ordenado.

Qual deve ser, em sua opinião, a repercussão da recente decisão da Igreja Presbiteriana Unida dos Estados Unidos (PCUSA) de permitir a ordenação de sacerdotes homossexuais?

A igreja na Coreia não tem uma relação estreita com a PCUSA. Por isso, não sei realmente o que aconteceu, mas se os relatos correspondem à realidade, os presbiterianos dos EUA vão se distanciar ainda mais dos conservadores, liberais e progressistas. Veja o caso da Comunhão Anglicana – desde que o bispo gay Gene Robinson foi ordenado, em 2003, os anglicanos têm enfrentado enormes tensões.

A Sarang Community Church publica Christianity Today na Coreia do Sul há dois anos. Como foi a aceitação da publicação por parte da liderança e do leitor cristão? Suas expectativas em relação ao projeto foram atingidas?

Desde a sua criação, Christianity Today já circula há mais de 50 anos. A revista tem história e tradição, e sempre foi muito apreciada por pastores e líderes de meu país. Nós não fomos os únicos a demonstrar interesse em publicar Christianity Today na Coreia, mas, pela graça de Deus, assumimos os direitos sobre a edição coreana. A nossa igreja começou a publicar Christianity Today Korea no momento em que celebrava o 30º aniversário, em junho de 2008. Trata-se de um esforço para servir às igrejas coreanas. Desde a primeira edição, em junho de 2008, a revista chamou a atenção da Igreja. Apenas dois anos se passaram desde então, e a revista está classificada entre as melhores publicações do gênero em termos de aceitação pelos leitores e publicidade.

Fonte: Cristianismo Hoje

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