Valdemiro Santiago e R. R. Soares, líderes da Igreja Mundial do Poder de Deus e da Igreja Internacional da Graça de Deus, respectivamente
Valdemiro Santiago e R. R. Soares, líderes da Igreja Mundial do Poder de Deus e da Igreja Internacional da Graça de Deus, respectivamente

Um levantamento feito pela Agência Pública por meio da Lei de Acesso à Informação e publicado hoje pela Folha de S. Paulo, revelou que mais de 1.200 entidades religiosas devem R$ 460 milhões à União.

Desse total, 23 igrejas devem mais de R$ 1 milhão cada uma; a maior devedora é a Internacional da Graça de Deus, liderada por R. R. Soares, que deve R$ 127 milhões, segundo valores apurados pela Receita em agosto deste ano. .

O valor representa mais de um quarto de todas as dívidas de entidades religiosas com a União. E a dívida da igreja vem aumentando: era de R$ 85,3 milhões em 2018, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.

A segunda entidade religiosa que mais deve à Receita também é evangélica e neopentecostal: a Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo apóstolo Valdemiro Santiago —outro ex-pastor da Igreja Universal, assim como Soares.

A Mundial deve mais de R$ 83 milhões à Receita. Desse total, R$ 5,7 milhões são apenas de contribuições não pagas de FGTS pela organização.

A terceira maior devedora é a católica Sociedade Vicente Pallotti, com sede em Santa Maria (RS). A entidade deve mais de R$ 61 milhões à União, sendo R$ 59 milhões de contribuições previdenciárias.

Segundo a matéria da Folha de S. Paulo, igrejas e organizações evangélicas são a maioria entre as entidades religiosas que devem à Receita —elas representam mais de 87% do total. Em seguida, vêm grupos católicos, com cerca de 6%.

A dívida das entidades evangélicas também é maior: juntas, elas devem mais de R$ 368 milhões, cerca de 80% do total em dívidas. As católicas reúnem cerca de 18% do valor devido.
 
Assim como ocorre com a Internacional da Graça de Deus, a maior parte das dívidas das entidades religiosas com a Receita é previdenciária: mais de 82% do que devem as organizações se refere a valores não pagos em relação aos seus funcionários, como a contribuição ao INSS.

Isso coloca as igrejas em um padrão diferente das dívidas de empresas não religiosas, nas quais a maior parte é de débitos não previdenciários, como o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

Apesar das dívidas, a arrecadação das instituições religiosas vem crescendo ano após ano. Segundo dados obtidos pela Pública, também por meio da Lei de Acesso à Informação, a arrecadação dessas entidades bateu R$ 674 milhões em 2018.

Fonte: Folha de S. Paulo

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