Após períodos de conflito no Irã, muitas igrejas na Inglaterra estão abrindo as portas para refugiados iranianos. Para os cristãos locais, essa é uma oportunidade para alcançar mais pessoas.
Em uma pequena igreja no sudoeste da Inglaterra, os cristãos encontraram iranianos recém-chegados muito receptivos ao seu alcance. Agora, mais de dois terços das pessoas nos cultos são iranianas.
Um jovem que chegou recentemente do Irã recebeu sua primeira Bíblia. Na ocasião, ele quase não consegue acreditar no que está tocando.
“Se eles virem você segurando uma Bíblia como essa no Irã, eles te matam”, disse o jovem à Sociedade Bíblica.
“Os hotéis por aqui ficaram cheios de refugiados. Correu o boato de que este era um lugar acolhedor em um ambiente hostil. E passamos de uma congregação de 30 pessoas para 100. Triplicamos nossos números em três anos”, contou o ministro da igreja.
A instituição de caridade Welcome Churches conta com mais de 1.300 congregações associadas, e trabalha desde 2018, para garantir que todos os refugiados sejam acolhidos por uma igreja.
Chantelle Baker, gerente de engajamento comunitário da Sociedade Bíblica, explicou:
“Acreditamos que a Igreja oferece um refúgio inestimável de comunidade e apoio para refugiados e requerentes de asilo. Trabalhamos com igrejas e centros de detenção para garantir que Bíblias sejam fornecidas, gratuitamente, para aqueles que precisam delas”.
Sobre a Palavra de Deus, um membro destacou: “Queremos discipular essas pessoas, e você precisa de uma Bíblia para isso. Poderíamos ser apenas uma comunidade adorável e acolhedora para elas, mas temos algo mais a oferecer; as Boas Novas de Jesus, expressas na Palavra de Deus. Se não podemos dar às pessoas uma Bíblia, estamos oferecendo a elas apenas metade do pacote. A Bíblia o completa”.
O Evangelho no Irã
“É tão maravilhoso ler e orar na minha própria língua”, disse um iraniano na igreja. Ele estava curioso sobre a Bíblia e leu trechos online, recentemente, ele recebendo uma Bíblia em persa.
O governo iraniano proíbe a impressão e distribuição de recursos cristãos em persa, a língua nativa e oficial do Irã. No país, a democracia é permitida apenas numa pré-estrutura religiosa, o islamismo e algumas minorias étnico-religiosas.
Segundo a Sociedade Bíblica, uma pesquisa publicada em 2020 pelo Grupo para Análise e Medição de Atitudes no Irã (GAAMAN) mostra que apenas um terço dos iranianos se identificam com o islamismo.
Os cidadãos do Irã estão deprimidos, até mesmo números do governo mostram que 6 em cada 10 pessoas estão infelizes. Por isso, muitos saem do país em busca de esperança.
A GAAMAN observou que o número de cristãos do Irã está “crescendo além de um milhão”, o que seria cerca de 10 vezes os números oficiais do governo para as igrejas toleradas.
Iranianos alcançados
O convertido iraniano citado acima, agora adorando livremente em uma igreja na Inglaterra, contou como foi sua primeira experiência com Jesus:
“Meu pai teve um derrame e um dos meus melhores amigos foi ao hospital. Ele orou e meu pai melhorou. Eu disse: ‘Você é cristão?’. Ele disse: ‘Sim’. É perigoso apresentar alguém ao cristianismo no Irã. Ele só mencionou isso porque é um amigo de longa data. Ele me convidou para uma aula em sua casa, mas teve que me avaliar porque os serviços de segurança tentam se infiltrar nessas reuniões”.
E continuou: “Não apenas o cristianismo é restrito no Irã com base na língua e na denominação, como pessoas foram condenadas à morte por se converterem. Mas esse iraniano foi julgado por seu amigo como seguro. Havia uma pessoa lá para nos ensinar. Eu tinha começado a questionar as coisas com as quais fui criado, mas não aceitava coisas novas facilmente. Eu só ia para assistir. Mas eles diziam que Deus é amor. Eu achava que na religião havia muita guerra, mas Jesus diz que quando alguém te bate, dê a outra face. Para mim isso é realmente incrível. Em vez de se vingar, você perdoa”.
“’Ame seu Deus; ame seu próximo. Isso realmente tocou meu coração. Comecei a assistir vídeos, ler um livro, buscar e seguir Jesus. Um dia, na aula, eu disse a eles que queria ser cristão. Eles disseram: ‘Nós não batizamos neste país, mas leia esta oração’. Eu orei e me tornei cristão. Eu havia pesquisado muitas religiões; minha vida parecia sem sentido. Agora eu me sentia calmo, e em paz”, acrescentou.
Tempo depois, extremistas encontraram conteúdos cristãos em sua casa. E desde então, ele não pode mais voltar à região.
“Eu seria preso, e eles me usariam para rastrear a aula da Bíblia”, disse ele.
“Igrejas em todo o país estão envolvidas no cuidado de pessoas vulneráveis de todas as origens. Para refugiados e aqueles que buscam asilo, simplesmente seguimos o ensinamento da Bíblia que é cuidar do estrangeiro. Isso, e não um abuso do sistema de asilo, é o que está acontecendo quando as igrejas acolhem os mais necessitados e compartilham a Bíblia”, contou o Arcebispo de Canterbury.
“A Bíblia é tão preciosa para eles. Muitos deles nunca tinham segurado uma Bíblia antes. É maravilhoso dar uma a eles. Você pode ver a alegria em seus olhos. Uma mulher iraniana recentemente trouxe para a igreja uma mulher marroquina que ela conheceu no hotel. Tínhamos uma Bíblia em árabe para ela. Agora ela quer ser batizada. Esses iranianos estão alcançando outros além de seu próprio grupo imediato”, relatou um membro da igreja sobre os iranianos em sua congregação.
Fonte: Guia-me com informações de Bible Society