O vice-presidente da Indonésia, Jusuf Kalla, inaugurou na sexta-feira, 24 de agosto, a Conferência de Ulemás, que reunirá mais de cem clérigos islâmicos para debater a implantação da sharia (lei islâmica) no país.
O encontro, que se estenderá pelo fim de semana, é organizado pelo partido islâmico Lua Crescente e Estrela (PBB) e será realizado no edifício do Parlamento regional da localidade de Puncak (em Java Ocidental).
“Não vamos debater apenas a implantação da lei islâmica, mas também outras dimensões dos valores islâmicos, como a econômica, política, social e cultural”, disse Sahar Hassan, secretário-geral da legenda.
Segundo o porta-voz, os 150 participantes da conferência, entre os quais 111 ulemás de todas as províncias do país, tentarão buscar soluções para a pobreza, o desemprego e a desigualdade salarial através dos valores islâmicos.
“Haverá uma exposição sobre a presença do islã na política indonésia, outra sobre a lei sharia e outra sobre os bancos islâmicos”, disse Hassan.
O secretário do PBB acrescentou que “a interpretação que os muçulmanos fazem dos valores islâmicos às vezes é diferente de um país para outro”.
Sabar Sitanggan, um porta-voz do partido, disse à Efe que seu grupo quer que “a sharia seja implantada como sistema legal para os muçulmanos na Indonésia, mas sempre dentro da democracia”.
Participam da Conferência representantes das organizações islâmicas do país, como Muhammadiya, Nahdlatul Ulama, Al Washiliya, Mathlaul Anwar e Hizb ut Tahrir.
Desafio de oração
A Indonésia é o país de maior população muçulmana do mundo e se caracteriza por praticar um islamismo moderado, mas nos últimos anos vem vivendo um processo de radicalização, com o aumento do número de movimentos e da violência sectária, além de se transformar em palco de atentados de grupos terroristas islâmicos.
Por enquanto, a lei sharia é aplicada apenas na região de Aceh, no norte de Sumatra, mas cada vez mais governos locais aprovam medidas baseadas na lei islâmica que regulamentam o vestuário das mulheres, a venda e consumo de álcool, as demonstrações de afeto em público e inclusive a livre mobilidade das mulheres à noite.
Ore para que esse processo de radicalização seja interrompido e para que o sistema legal do país não seja vinculado a uma determinada religião. Pelas leis islâmicas, o muçulmano que se converte a outra fé deve ser punido com a morte.
Fonte: Portas Abertas