Em manifesto dirigido ao Congresso Nacional e ao povo brasileiro, a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU), através do seu moderador, reverendo Manoel de Souza Miranda, conclama brasileiros e brasileiras de boa vontade a se unirem “para derrubar esse sistema que privilegia apenas alguns grupos dentro da sociedade”.
Embora não o mencione explicitamente, o manifesto inspira-se na absolvição do presidente do Senado, José Renan Vasconcelos Calheiros. Num processo que durou 120 dias, o Conselho de Ética da casa pedira a cassação do mandato do senador por quebra de decoro parlamentar. Ele era acusado de receber da Construtora Mendes Junior recursos com os quais pagava pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, com a qual tem uma filha numa relação extraconjugal.
Em sessão secreta do plenário do Senado, na quarta-feira, 12, dos 81 senadores 40 votaram contra a recomendação do Conselho de Ética pela cassação do mandato de Renan Calheiros, 35 a favor e seis se abstiveram.
O manifesto da IPU lamenta os mais de cem dias dispensados no Senado ao tratamento de problemas internos, pessoais, corporativos e o emaranhado de leis, regimentos e estatutos existentes “produzidos com a finalidade especial de autoproteção, como voto secreto e sessão fechada para esconder do povo suas reais intenções”. Não dá para esperar muito, agrega o documento, de um sistema que, ao mesmo tempo, cria Conselhos de Ética e invalida seus pareceres.
Políticos corruptos são uma tragédia nacional, diz a IPU. Bem por isso, o manifesto apela ao povo de Deus e também àqueles que, mesmo sem admitir crença em Deus, estiverem de acordo com tais propósitos, a derrubarem “todos os esquemas, hoje legalizados, que protegem os que desejam se manter no anonimato nos âmbitos executivo, legislativo e judiciário do Brasil”.
Os destinos da nação são do interesse de Deus, “não para convertê-la numa facção religiosa de qualquer matiz”, mas para construí-la sob os alicerces da Justiça, governada por homens e mulheres motivados pelo bem público, comprometidos com a sustentabilidade de sua geração e das gerações futuras.
A IPU dá um recado aos “corruptos de todas as esferas”, mesmo aos que não crêem em Deus, lembrando que Ele aplicará justiça sobre todos. O manifesto lembra que é função e dever do povo de Deus “eleger com sabedorias seus líderes políticos, sem vinculá-los a qualquer religião, uma vez que a honestidade e a capacidade administrativa não são prerrogativas exclusivas de quem diz crer em Deus, embora devesse ser para muito além da média”.
Afora a intercessão em favor dos eleitos para que desempenhem as funções com dignidade e competência, é dever e função do povo de Deus “orar e agir contra todos aqueles que invalidam sua eleição com ações contrárias ao povo ou em causa própria”, destaca a IPU.
Fonte: ALC