Considerado o pai da soul music – título também disputado pelos fãs de Ray Charles – James Brown teve uma ligação muito íntima com a música gospel. Suas primeiras experiências musicais foram com as melodias religiosas, ao participar, ainda criança, de um coral de igreja.
No Brasil, é comum ver os artistas da chamada “música secular” abandonarem tudo, depois de convertidos, e optarem pelo caminho das canções religiosas.
Nos Estados Unidos é diferente. País de maioria protestante, a terra de Tio Sam é repleta de grandes nomes da música pop que iniciaram a carreira em corais de igrejas evangélicas, normalmente nos subúrbios das grandes cidades. Mesmo depois de ricos e famosos, os astros não costumam esquecer as origens e, a despeito da vida pessoal, quase sempre conturbada, vez ou outra realizam algum trabalho gospel.
Elvis Presley, Ray Charles, Little Richard, Aretha Franklin… Os exemplos são vários. James Joseph Brown Jr. também era um deles. Aos 73 anos, o cantor, compositor e produtor nascido na Geórgia morreu no dia de Natal, 25 de dezembro, vítima de pneumonia.
Considerado o pai da soul music – título também disputado pelos fãs de Ray Charles – James Brown teve uma ligação muito íntima com a música gospel. Suas primeiras experiências musicais foram com as melodias religiosas, ao participar, ainda criança, de um coral de igreja.
Em 1948, aos 15 anos, James Brown abandonou a escola e entrou para o grupo gospel Three Swanees, tocando bateria e cantando rhythm and blues. Dois anos depois, foi preso pela primeira vez, por roubo a mão armada, e cumpriu três anos de detenção num reformatório.
Ao sair da prisão, ainda no início dos anos 1950, retomou a música gospel, formando o grupo The Flames com o cantor Bobby Byrd, um dos maiores incentivadores de sua carreira. O carisma e o talento de Brown fariam com que o grupo, mais tarde, passasse a se chamar James Brown & The Famous Flames.
Em 1955, o grupo gravou sua primeira música de sucesso, a balada Please, Please, Please, que rapidamente estaria na lista das mais tocadas. Ao longo da carreira, Brown repetiria o feito outras 121 vezes, sendo superado apenas por Elvis Presley, que emplacou 149 canções nas paradas de sucesso.
A música Please, Please, Please deu nome ao LP de estréia do grupo. Lançado em 1959, pelo selo King, o disco vendeu mais de um milhão de cópias. O primeiro trabalho solo de James Brown, Try Me, viria no mesmo ano.
O site “Wikipedia” define: James Brown “foi o principal impulsionador da evolução do gospel e do rhythm and blues para o soul e o funk, sendo a invenção deste último gênero creditada a ele. Também deixou sua marca em outros gêneros musicais, incluindo rock, jazz, reggae, disco, no hip-hop e na música dançante e eletrônica em geral.”
Já o site “O Dia Online” destaca a influência de James Brown na música pop: “Músicas como Fame, de David Bowie; Kiss, de Prince; Atomic Dog, de George Clinton; e Sing a Simple Song, de Sly and The Family Stone, foram claramente baseadas no ritmo e no estilo musical de Brown.”
E vai além: “Se o fato de Brown ser aclamado como criador do soul pode ser contestado por fãs de Ray Charles e Sam Cooke, seus direitos pelos gêneros do rap, disco e funk estão fora de questão. Ele foi para o ritmo o que Dylan foi para as letras: o inquestionável inventor popular.”
Atuações no cinema
As décadas de 60 e 70 foram muito produtivas para James Brown. Foram os anos dos grandes hits, como Sex Machine e I Got You (I Feel Good) .
No final dos anos 70, Brown entrou na onda da disco music, conseguindo o sucesso It’s Too Funk in Here. A partir daí, o cantor passou por um período de entressafra, quebrado em poucos momentos, como na gravação de Living in America, tema do filme “Rocky IV”, estrelado por Silvester Stallone.
O cinema, aliás, foi outro campo de atuação de James Brown. Destaque para sua performance como ator no clássico “The Blues Brothers” (Os Irmãos Cara de Pau), de 1980.
Mas os anos 80 e 90 foram marcados também pelos problemas de Brown com a justiça americana. O cantor foi preso algumas vezes, por porte ilegal de armas, uso de drogas e até por agredir a esposa. Um pequeno intervalo nessa triste rotina aconteceu em 1992, quando ele ganhou um Grammy em homenagem ao tempo de vida dedicado à música. Seu nome também foi incluído no Hall da Fama do Rock and Roll.
Apesar de todos os problemas pessoais, James Brown foi um gênio da música. Os vários apelidos que recebeu – Soul Brother Number One (O Irmão do Soul Número 1), The Godfather of Soul (O Padrinho do Soul), The Hardest Working Man in Show Business (O Homem que Mais Trabalha no Show Business), Mr. Dynamite (Sr. Dinamite) – e seu fantástico legado musical – mais de 50 discos lançados e 800 canções gravadas – o farão ser lembrado dessa forma.
Fonte: Universo Musical (www.universomusical.com.br)