O jornal sueco “Nerikes Allehanda” se negou a pedir desculpas por uma caricatura de Maomé publicada recentemente, apesar dos protestos do Ministério de Assuntos Exteriores do Irã à Embaixada da Suécia em Teerã por considerar o desenho uma “blasfêmia”.

O “NA” publicou no último dia 19 uma charge do artista Lars Vilk para ilustrar um editorial defendendo a liberdade de expressão e criticando a recusa de dois centros culturais suecos a autorizar uma exposição com caricaturas do profeta Maomé, alegando razões de segurança.

O jornal, publicado em Örebro, sul da Suécia, causou uma manifestação de 50 membros da comunidade muçulmana local no dia seguinte.

Vilk desenhou Maomé como um “rondellhund”, uma forma de arte de rua surgida na Suécia no ano passado em que pessoas colocam figuras de cachorros de diversos materiais em rotatórias das vias públicas do país.

O redator-chefe do “Nerikes Allehanda”, Ulf Johansson, disse hoje em declarações ao site web do jornal que não lamentava a publicação da charge, que foi reproduzida por outros jornais suecos de tiragem nacional.

“O Governo do Irã reagindo deste modo não afeta minha postura. A intenção não foi pôr em risco a segurança dos diplomatas suecos em uma embaixada estrangeira”, disse.

Johansson disse que não se sente surpreendido pela medida iraniana, mas sim pelo fato de os muçulmanos não entenderem o “contexto” em que a charge foi publicada.

O Ministério de Assuntos Exteriores iraniano convocou hoje em Teerã a encarregada da embaixadar sueca, Gunilla von Bahr, dada a ausência do embaixador e do encarregado de negócios da Embaixada, informou a mídia iraniana.

“Uma ação assim fere os sentimentos de mais de 1 bilhão de muçulmanos no mundo”, disse o diretor-geral do Departamento para Europa Central e do Norte do Ministério, Ali Bagheri, segundo a agência de notícias iraniana “Irna”.

“A República Islâmica respeita a liberdade de imprensa, mas esta liberdade não deve permitir nenhum prejuízo ou insulto contra os seguidores das religiões”, acrescentou o diplomata iraniano.

Bagheri pediu ao Governo sueco que “condene a publicação da caricatura” e advertiu que “há grupos que querem destruir as relações positivas da Suécia com os países islâmicos”.

O Ministério do Exterior sueco não quis se pronunciar sobre o protesto.

Em setembro de 2005, o jornal dinamarquês “Jyllands-Posten” publicou 12 caricaturas sobre Maomé que levantaram protestos furiosos no mundo islâmico meses depois, que incluíram um boicote econômico a produtos dinamarqueses e ataques às representações diplomáticas.

Fonte: EFE

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