O Conselho Central dos Judeus na Alemanha rejeitou neste sexta-feira as desculpas do bispo Richard Williamson e exige uma clara retratação de suas declarações, segundo as quais durante o Nazismo só teriam morrido cerca de 300 mil judeus.
A presidente do conselho, Charlotte Knobloch, afirmou que a inexistente retratação do prelado põe de novo em destaque que Williamson é um “anti-semita convencido” e um “incorrigível negador do Holocausto”, ao colocar em dúvida o extermínio de seis milhões de pessoas.
Acrescentou que o conselho espera agora do Vaticano não só a retratação do bispo, mas consequências claras para ele, além de uma “clara” desvinculação da Santa Sé em relação aos seguidores do ultraconservador francês Marcel Lefebvre que, na sua opinião, culpam os judeus por serem os “assassinos de Deus”.
“Seria um sinal terrível se Williamson, que na Alemanha poderia ser julgado por incitação ao ódio racial, possa continuar propagando suas mentiras impunemente”, apontou.
O vice-presidente do conselho, Dieter Graumann, disse hoje que “Williamson não se retratou de suas teses mentirosas sobre o Holocausto. Só lamentou que o que disse tenha gerado tanta polêmica”.
Em declarações publicadas hoje pelo jornal “Handelsblatt”, Graumann se mostra indignado pela explicação do bispo, segundo o qual sua negação do Holocausto teria se baseado em informações de duas décadas atrás, “como se há 20 anos houvesse dúvidas sobre o Holocausto”.
“Na desgraçada declaração de Williamson não há nenhuma retratação. O que se deduz dela é que ele mantém sua negação do Holocausto à qual se aferra patologicamente há décadas”, disse.
Graumann, além disso, voltou a criticar o papa Bento XVI por ter revogado a excomunhão que pesava sobre Williamson e outros três bispos ultraconservadores seguidores de Lefebvre.
“O equívoco fatal do Vaticano continua infelizmente em vigência”, disse Graumann.
Williamson se desculpou ontem em uma declaração na qual, no entanto, não deixou claro se mudou seu ponto de vista.
O bispo afirmou que não teria dito o que disse sobre o Holocausto se soubesse as repercussões que teriam suas palavras e a dor que iam produzir, “especialmente na Igreja, mas também em sobreviventes e familiares das vítimas da injustiça do Terceiro Reich”.
O bispo ressaltou também que sua visão do Holocausto não era a de um historiador, e que seu ponto de vista tinha se baseado em “provas que estavam disponíveis há 20 anos”.
Fonte: EFE