A rede de corrupção descoberta pela Polícia Federal (PF) na Operação Hurricane (Furacão, em inglês) queria envolver a Igreja Católica em seus negócios.
Gravações feitas com autorização judicial mostram o juiz Ernesto Pinto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas, avisando a uma pessoa que se identifica como padre Marcos sobre a intenção de Antonio Petrus Kalil, o Turcão, de explorar o transporte de turistas até o Santuário do Cristo Redentor, no Corcovado. A idéia era montar uma cooperativa de táxi e impedir a ida ao local de outros táxis e vans.
– Isso vai render um dinheirão que eu soube ontem! Ele bota uma cooperativa de táxis ali, só esses táxis sobem no Corcovado pagando uma taxa xis – disse Dória, na gravação captada pela PF.
Ligação para o celular
Uma das conversas monitoradas entre o juiz e o padre aconteceu no dia 11 de janeiro deste ano, às 9h27m. O juiz Dória recebeu, em seu telefone celular, a ligação do padre Marcos. O telefonema durou cinco minutos. Nos diálogos, o magistrado diz ao padre que Turcão pediu para que eles fossem a sua casa, em Niterói.
Segundo o juiz, a intenção era criar uma cooperativa que teria o monopólio para levar passageiros ao Corcovado. Para isso, Dória propõe que seja feito um convênio com o governo estadual.
A idéia do juiz Ernesto Dória de tornar exclusiva para Turcão a exploração dos táxis que levam turistas ao Cristo seria uma iniciativa inédita. Atualmente, os visitantes conseguem chegar ao santuário de bonde, táxis e vans cadastradas pela TurisRio, ou subindo a pé pela Estrada das Paineiras.
Desde a semana passada, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Iscariotes – na qual constatou desvios de mais de R$300 mil por mês na receita da venda de ingressos – homens da Força Nacional vigiam a subida ao Cristo Redentor.
Fonte:Jornal Extra