A Corte Suprema israelense determinou que o Ministério de Transportes investigue as normas nos ônibus que servem à comunidade ortodoxa, nos quais as mulheres são segregadas dos homens, para corrigir a discriminação.

Os juízes atenderam a uma queixa do Centro pelo Pluralismo Judeu e de grupos de mulheres. Elas disseram ter sido ameaçadas quando entraram nesses ônibus e se negaram a sentar nos bancos de trás, informa nesta terça-feira o jornal “Yedioth Ahronoth”.

Entre elas, estava a escritora Naomi Ragen. Há um ano ela denunciou ter sido “humilhada, insultada e ameaçada fisicamente” por não respeitar a segregação e se sentar nos assentos dianteiros, reservados aos homens.

Ragen, judia praticante, e o Centro por um Judaísmo Pluralista, dependente das sinagogas reformistas, recorreram ao tribunal porque o governo, devido à influência dos partidos fundamentalistas, teria se negado a intervir.

“As linhas de ônibus para religiosos ortodoxos estão autorizadas, mas as restrições na vestimenta e a separação de gênero não podem ser impostas às pessoas que se opõem a elas”, diz a decisão dos juízes.

As mulheres que se negarem a cumprir as normas não estão obrigadas a seguir as exigências da ortodoxia.

“É inconcebível que o motorista não deixe uma mulher entrar no ônibus porque ela está usando calças”, disse um dos juízes, Elyakim Rubensyein.

Os ônibus “kosher” servem aos fundamentalistas por um acordo com a cooperativa de transportes Egged, que tem o monopólio em quase todo o país. Eles gozam de subvenções do Estado e cobrem áreas pouco povoadas.

Os juízes dizem que uma solução para evitar os conflitos entre os ortodoxos e os que se negam a observar a segregação é “orientar os motoristas dos ônibus a defender os passageiros”. A opção oferecida é que eles passem a ser exclusivos para os fundamentalistas.

Hoje, há 95 ônibus que prestam serviços aos ortodoxos. Mas, em princípio, qualquer pessoa poderia viajar neles.

Fonte: Folha Online

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