O juiz da 6ª Vara Cível de São José do Rio Preto, suspendeu na manhã do último domingo, a liminar que afastava o pastor Wanderley Melo (foto) da administração da Igreja Assembleia de Deus, conhecida como a Igreja de Mármore. A suspensão também impede que o vice-presidente Aparecido Perozin assuma como administrador provisório com a missão de convocar eleições para a presidência da igreja.
O juiz, Jaime Trindade, disse que suspendeu sua decisão anterior para analisar novos fatos informados no processo pelo advogado João Mineiro Viana, que representa o pastor Melo.
Desde as 8h, fiéis se aglomeravam ao redor da igreja à espera de novidades. Quando o pastor Melo chegou, acompanhado pelo advogado, foi carregado nos ombros até o interior do templo, onde agradeceu o apoio.
A assessoria de imprensa e marketing da igreja divulgou um novo laudo pericial que esquenta a polêmica sobre a assinatura do ex-presidente José Perozin em documento que indicava Melo como seu sucessor em caso de morte. O novo laudo, de perito particular de São Paulo, atesta que a assinatura é verdadeira. Já o laudo oficial da Polícia Civil, solicitado pelo delegado Júlio Cezar Pesquero, havia dado como falsa a assinatura.
O juiz Trindade deu cinco dias para o advogado de Aparecido Perozin se manifestar antes de voltar a decidir sobre a suspensão da liminar. O processo está longe de chegar ao fim.
Processo pode ir para a 2ª Vara Cível
O juiz Jaime Trindade disse que suspendeu a liminar até novo exame dos fatos, já que o advogado João Mineiro informou-lhe a existência de outros dois processos sobre o caso na 2ª Vara.
“Eu não sabia desses processos”, disse. O juiz afirmou que ainda não tomou conhecimento da nova perícia, que dá como verdadeira a assinatura do pastor José Perozin em carta que indicava Melo seu substituto.
“Vou analisar se mantenho a liminar para que o administrador provisório convoque eleições ou se mantenho a suspensão e remeto o processo à 2ª Vara.”
O pastor Wanderley Melo convocou assembleia extraordinária onde uma comissão de sindicância revelou o resultado das apurações sobre a conduta de Aparecido Perozin, que denunciou à Justiça as supostas irregularidades de Melo.
Assinatura falsa
O pastor Wanderley Melo da Assembleia de Deus assumira a igreja em janeiro, quando seu líder pastor José Perozin faleceu de infarto, no dia 4 de janeiro. Pastor Aparecido Perozin, irmão do falecido e um dos três vices da diretoria anterior, deverá assumir a igreja e no prazo de 90 dias, reunir os 150 ministros membros do Ministério e convocar a eleição para a nova diretoria. Aparecido assumirá a igreja na próxima segunda-feira, com reforço policial, caso necessário, segundo afirmou seu advogado no domingo passado.
Pastor Wanderley teria sido eleito por aclamação, logo após o velório do pastor Perozin. Sua eleição foi influenciada por uma carta que teria sido deixada pelo pastor Perozin, indicando-o como seu substituto. Para acatar o último desejo do líder, pastor Wanderley acabou eleito. Porém, a assinatura da dita carta, apresentada pela esposa do falecido Claudete Perozin é falsa segundo a Polícia Técnica. A sentença do juiz Jaime Trindade, da 6ª Vara Cível de Rio Preto, baseou-se na prova pericial: “Em face da conclusão da prova pericial, apontando como falsa a indicação do nome de Wanderley Melo pelo presidente anterior falecido, assim por se evitar a prática de atos ruinosos imputáveis aos requeridos, sem legitimidade para o exercício da representação, nomeia-se o requerente como administrador provisório, e com prazo de 90 dias, exclusivamente com o fito de convocar eleição e administrar entidade (…).”
A decisão judicial foi divulgada pela Agência Bom Dia. Segundo a notícia, a decisão judicial “se deu no pedido de liminar feita pelo advogado Carlos Galvani, presidente da Comissão Jurídica da (Convenção Estadual das Assembléias de Deus (Confradesp) do Belenzinho em São Paulo, e relator da Comissão Jurídica da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB). Conforme Júlio Cezar Garcia, o advogado de Wanderley, João Mineiro, ainda não fora intimado da decisão.
Segundo a mesma fonte, o laudo pericial fora requisitado pelo delegado Júlio Cezar Pesquero ao Instituto de Criminalística da Polícia Civil. A Polícia afirma que a assinatura na carta do pastor José Perozim, que teria indicado pastor Wanderley Melo para substituí-lo, em caso de morte, é falsa. A carta fora apresentada no dia 7 de janeiro, três dias após a morte do presidente. Segundo informação extra-oficial, a carta fora registrada em cartório no dia 5.
O Ministério
São José do Rio Preto é um rico centro administrativo do interior paulista, com mais de 400 mil habitantes. O Ministério em Rio Preto foi emancipado há muitos anos da Região Eclesiástica de Catanduva. Estava ligada à Confradespe (SP) e atualmente à Comadetrin (MG). O templo é um verdadeiro cartão postal à cidade. É revestido de mármore, tem bancos almofadados e abriga cerca de 6 mil pessoas. Os membros chegam a 8 mil e tem 180 congregações. Pastor José Perozin liderava a igreja desde 1985.
O documento foi “questionado pelo irmão do ex-presidente, o que deu início ao inquérito. Com o resultado da perícia, que afirma que a assinatura não é de José Perozim, o delegado Pesquero encaminhou o inquérito ao Fórum de Rio Preto com pedido de indiciamento do pastor por uso de documento falso. O advogado de Wanderley Melo, João Mineiro Viana, entrou com habeas corpus e conseguiu suspender o indiciamento, enquanto o Ministério Público analisa se denuncia o pastor por uso de documento falso”.
Fonte: Rede Bom Dia e site fronteira final