Jogador que fez o primeiro gol da Seleção na Copa da Alemanha e tem fama de bom moço, Kaká diz que, dentro de campo, não é bonzinho, conta que tem vontade de ser pai e gosta de viajar de carro com a esposa pela Itália, onde mora e joga pelo Milan.
No Brasil de Ronaldo, três vezes eleito o melhor jogador do mundo, Ronaldinho Gaúcho, atual detentor do título, e tantas outras estrelas do futebol mundial, o destaque brasileiro na Copa tem sido Ricardo Izekson dos Santos Leite, o Kaká. Aos 24 anos, ele fez o primeiro gol da Seleção na Copa – garantiu a vitória do Brasil no 1×0 contra a Croácia – e atuou bem no 2×0 contra a Austrália,apesar de no jogo contra o Japão não ter se destacado.
De havaianas no pé, ao fim da partida, o jogador se aproximou de uma espécie de corredor polonês de jornalistas. Parecia porta-voz do novo desenho brasileiro depois das duas primeiras vitórias. “Foram jogos difíceis, diante de equipes muito fortes, ideais para mostrar que não podemos ficar falando o tempo todo de quadrado mágico”, disse. “Somos uma equipe.”
O dia-a-dia desta equipe é registrado por Kaká em sua câmera digital e vira notícia no blog do craque. Diariamente, ele se senta em frente a um computador e registra seus passos na Alemanha – como a perda do celular durante a preparação e a emoção do gol que fez no jogo de estréia. “Na hora do gol passou tudo pela minha cabeça”, conta. “Lembrei dos meus pais, que estavam no estádio, da Carol, do quanto lutei para estar ali naquele momento, do meu irmão e agradeci muito a Deus.”
Evangélico da Igreja Renascer em Cristo, tem uma Bíblia na concentração brasileira e faz suas leituras à noite. Discretíssimo, não escapou de ser eleito um dos mais belos da Copa pela revista holandesa Gay Krant, dirigida ao público homossexual. “Aí não vale a pena, né? Não é minha praia”, sorriu. Nos hotéis alemães, Kaká ajudou a formar uma locadora de DVDs itinerante. Cada jogador tem seu lote de filmes e seriados. Ele levou duas caixas: uma com o seriado Friends e outra com a primeira temporada de Lost. Após o jantar todos assistem em turma.
O craque já recebeu a visita dos pais, Bosco e Simone, e da mulher, Caroline Celico, 18 anos. Acompanhado dela, um dia depois do primeiro jogo, almoçou “um belo taglierini” no hotel Kromberg, em Frankfurt, e passeou de carro. “Foi muito bom passar o dia com a Carol”, postou ele no blog. “Mesmo casados, ainda somos grandes namorados. Ela me faz falta, mas sabemos como é importante essa temporada longe.”
Foi para Caroline, com quem é casado há seis meses, que o craque ligou assim que terminou de se trocar, no vestiário do estádio de Munique, local da segunda partida do Brasil. Kaká – que mora na Itália, onde defende o Milan – e Caroline são caseiros. “Minha filha está brincando de casinha na prática. Sempre gostou de cuidar da casa e de cozinhar”, orgulha-se a empresária Rosangela Lyra, diretora da Dior no Brasil. A mãe incentivava Caroline a fazer cursos de culinária em viagens para o Exterior. A mulher de Kaká tem diploma da sofisticada Cordon Bleu, a mais tradicional escola de culinária da França. Quando coloca o avental, gosta de preparar peixes e massas para o marido, mas sabe fazer também feijão com arroz, que ele adora. O apartamento do casal em Milão foi todo decorado por Caroline, sem ajuda de arquiteto. “Fiquei surpresa com a iluminação do apartamento. Ela escolheu as luminárias sozinha. Ficou fantástico”, disse Rosangela à editora Eliane Trindade.
O casal nunca vai a boates, como fazem outros jogadores. Só abrem exceção para ir a festas de amigos próximos. Um hábito do casal é viajar pelas cercanias de Milão – o que inclui passeios a lugares mais distantes como Veneza, onde Kaká fez o pedido de casamento a Caroline – e Mônaco. “Eles são novos, mas muito maduros. Tenho certeza de que foram feitos um para o outro”, atesta Rosangela. “Eles têm uma sintonia perfeita. Gostam das mesmas coisas e dão valor à família e à religião. O mais importante é que ele está fazendo minha filha feliz e está feliz.”
Kaká revelou que, dentro de campo, não é bonzinho. Croácia e Austrália e Japão já puderam conferir, na Copa, o futebol implacavelmente elegante do craque brasileiro.
Faz quatro anos que você veste a camisa da Seleção. Já se sente em casa com a amarelinha?
Sim, me sinto muito bem na Seleção. É um grupo maravilhoso e é um prazer quando estamos reunidos.
Você tem a imagem de um cara correto, de caráter, bom moço. Dentro de campo, o Kaká também é um bonzinho?
Sou ético, não sou maldoso. Não sou bonzinho e sim justo.
Como anda a vida de casado? Caroline gosta de Milão? O que gostam de fazer juntos?
Ela se adaptou bem e está muito feliz. Gostamos de sair para jantar e de viajar de carro para conhecer lugares novos.
Vocês já conversam sobre ter filhos? Tem vontade de ser pai?
Tenho muita vontade de ser pai, mas acho que ainda é cedo, vamos curtir um pouco nossa vida de casados só nós e depois pensamos em ter filhos.
Consegue ir à igreja na Itália?
É difícil, pois os cultos são no domingo, quando tenho jogo. Recebemos sempre ministrações e ouvimos os cultos pela internet. Não é a mesma coisa, mas não deixamos de ser ministrados, e estamos sempre orando.
Já está totalmente adaptado a Milão? Qual é a melhor coisa de morar na cidade?
Fui bem recebido e me adaptei rápido. Gosto muito de Milão e a cidade tem várias coisas em comum com São Paulo, onde cresci. A melhor coisa é que tudo passa por Milão na Europa. Shows, espetáculos, assim como os melhores restaurantes estão por aqui. Outra vantagem é a localização, estou a menos de duas horas de vários lugares legais da Europa.
Já recebeu propostas de outros clubes? Pensa em deixar o Milan?
Proposta oficial não houve, mas sempre há especulações. Não penso em deixar o Milan. Estou feliz e penso em ficar bastante tempo.
Do que mais sente falta do Brasil?
Sinto falta da família e dos amigos e nunca deixo de ir a uma boa churrascaria quando estou em São Paulo.
Kaká renova com o Milan até 2011
O meia Kaká, que disputa a Copa do Mundo com a seleção brasileira, renovou seu contrato com o Milan até 2011, informou a equipe italiana nesta sexta-feira em comunicado em seu site.
“Ricky tem sido uma das principais estrelas da competição (Copa) até agora, marcando contra a Croácia e acertando a trave contra a Austrália”, elogiou a equipe no comunicado.
“Ele pode esperar agora por muitas outras temporadas de sucesso com a camisa do Milan”.
Segundo o Milan, o contrato foi assinado na quinta-feira, após a goleada do Brasil sobre o Japão por 4 x 1.
Na última temporada, Kaká, que está no clube desde 2003, disputou 36 partidas pelo Campeonato Italiano, marcando 14 gols. Pela Copa dos Campeões, foram 12 jogos e cinco gols.
Fonte: DeBrasilia.com e Reuters