O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, afirmou hoje no México que em dezembro, quando termina seu mandato, o país terá deixado de estar no “inferno” na área econômica para começará “a caminhar pelo purgatório”.

Durante um encontro empresarial, Kirchner afirmou que seu substituto à frente da Argentina será “uma presidente”, em clara referência a sua esposa e candidata presidencial, a senadora Cristina Fernández, que terá, segundo ele, a tarefa de “construir uma nova institucionalização”.

Em meio aos risos e aplausos que o comentário gerou entre os participantes do fórum organizado pela Câmara de Comércio Argentina-Mexicana e pelo Conselho Mexicano de Comércio Exterior (Comce), Kirchner se mostrou satisfeito por ter “construído conceitos” fundamentais para a estabilidade econômica do país.

Entre eles, destacou a obtenção de superávit primário e de conta corrente, o aumento das reservas internacionais, a redução do desemprego e o aumento das exportações. Apesar disso, reconheceu que o caminho a percorrer ainda é “longo”.

O presidente argentino, que hoje termina uma visita oficial de três dias ao México, garantiu que espera que este ano a economia da Argentina cresça acima das previsões de sua equipe econômica, que situam o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 8%.

Ele insistiu em que a forma para garantir um crescimento econômico é o desenvolvimento social sustentável, que definiu como “empregos decentes” e distribuição de renda, que permitem “proteger o investimento” e estabelecer uma adequada convivência dentro do país.

Após comentar os principais indicadores econômicos de sua gestão, Kirchner sustentou que a relação comercial entre Argentina e México deve ser baseada no comércio bilateral, nos investimentos recíprocos e na associação de empresas dos dois países, que “eventualmente” poderiam realizar investimentos conjuntos em “outras nações”.

Kirchner, que em outra ocasião se referiu a seu sucessor como “a futura presidente”, esteve acompanhado durante a visita pela primeira-dama, Cristina Fernández, embora a senadora não tenha participado do ato desta manhã.

O Governo mexicano fez um convite aos industriais argentinos para que invistam no setor de autopeças do país.

O chefe da Unidade de Promoção e Investimento da Secretaria de Economia, Eduardo Solís, destacou durante a reunião que o México é atualmente o 10º exportador mundial de veículos e que sua indústria de autopeças produziu US$ 25 bilhões em 2006.

No entanto, apesar de o México ser o principal fornecedor de autopeças para o mercado americano, o país importa US$ 20 bilhões em acessórios para automóveis para montar os carros que fabrica.

“Precisamos de uma cadeia de abastecimento forte, (…) e os investidores argentinos são bem-vindos”, sobretudo os de porte médio, disse Solís.

O principal destaque da visita de Kirchner ao México foi a assinatura de um Acordo de Associação Estratégica com o presidente mexicano, Felipe Calderón.

O pacto aumenta a cooperação entre os dois países numa ampla variedade de áreas comerciais, políticas e sociais.

Apesar de a primeira-dama argentina ter visitado o México em abril, o acordo serviu para relançar oficialmente as relações bilaterais prejudicadas com o incidente protagonizado pelo antecessor de Calderón, Vicente Fox, e Kirchner, em 2005, durante a Cúpula das Américas realizada em Mar del Plata (Argentina).

Na ocasião, Fox criticou Kirchner pela organização do encontro, e, em resposta, o argentino disse ao então presidente mexicano que tomasse conta de seu país.

Fonte: EFE

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