Pelo menos 40 indígenas foram assassinados no Brasil no ano passado, a metade dos casos registrados no Mato Grosso do Sul. O levantamento, ainda preliminar, é do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Dados oficiais serão apresentados no Relatório de Violência contra Povos Indígenas no Brasil em 2006, previsto para abril.

A grande incidência de casos no Mato Grosso do Sul mostra, segundo o CIMI, a urgência de o poder público e a sociedade organizarem ações naquele Estado, a partir de estudos sérios que permitam o conhecimento da realidade daquela população e que apontem para soluções duradouras.

O levantamento do CIMI é baseado em informações recebidas de comunidades indígenas e pelo acompanhamento de jornais. Dados a respeito da autoria dos homicídios indicam que das 40 mortes registradas no ano passado, em 18 casos aparecem indígenas como acusados, em quatro casos não-índios e em outros 18 casos a origem dos autores não pôde ser identificada através das informações obtidas.

Em muitos dos registros aparecem referências ao consumo excessivo de álcool e até mesmo de drogas. Segundo o CIMI, os dados demonstram que as tensões internas vividas pelas comunidades indígenas estão causando desequilíbrios nas relações entre as pessoas, “propiciando brigas, facilitando o consumo de álcool e drogas, levando ao surgimento de assassinatos dentro da própria comunidade”.

Suicídios e homicídios registrados nas comunidades indígenas Guarani e Terena do Mato Grosso do Sul merecem um olhar mais apurado, defende o organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O histórico confinamento dessas populações, agravado pelo aumento das áreas da região com a valorização da soja e pelo baixíssimo número de demarcações, é uma causa já conhecida, aponta.

As comunidades indígenas Guarani-Kaiowá, de Amambaí e Dourados, no Mato Grosso do Sul, contam com menos de 1 hectare por habitante nas áreas em que vivem.

Dentre os outros 20 casos de homicídios de indígenas ocorridos no ano passado, quatro foram registrados na Bahia, três em Minas Gerais; Rondônia, Alagoas e Mato Grosso tiveram dois casos. Roraima, Maranhão, Espírito Santo, Ceará, Acre, Pará e Pernambuco registraram um homicídio, em cada Estado.

Fonte: ALC

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