Ministro, prefeito e islâmicos decidem expulsar a comunidade protestante, apesar das licenças regulares e um acordo do Tribunal Constitucional autorizarem o funcionamento da Igreja Yasmin. Líderes locais acusam o ministro do Interior de provocar a situação. Demais Igrejas da Indonésia e ativistas de direitos humanos prestaram queixa à polícia

“É uma vergonha”, denuncia Sigalingging Bona, porta-voz da Igreja Yasmin GKI, reagindo à reunião a portas fechadas entre o ministro de Assuntos Internos da Indonésia, os líderes da cidade de Bogor, Java Ocidental, e o líder de um movimento extremista islâmico. O encontro resultou na expulsão da comunidade protestante de seu lugar de adoração, apesar de as licenças de construção estarem regulares e um acordo do Tribunal Constitucional permitir o funcionamento da mesma. Em resposta, líderes do movimento cristão apresentaram uma queixa formal aos tribunais, contra a administração local do prefeito Diani Budiarto.

Essa reunião decisiva foi realizada em 8 de setembro, onde estavam presentes Gamawan Fauzi, Ministro do Interior, Iman Ahmad, chefe do grupo extremista islâmico Forkami e o prefeito de Bogor, Diani Budiarto. A decisão do ministro causou confusão dentro da comunidade cristã que, além de não participar da mesa de negociações, teve de suportar, passivamente, a vontade de ambas as partes – administração local e movimento extremista Forkami – que mais do que qualquer outro tem, nos últimos meses, “perseguido ” a minoria religiosa no país.

Entrevistado pela agência AsiaNews, Sigalingging Bona, porta-voz da igreja, afirmou que a decisão de convidar o líder do Forkami foi “vergonhosa”. Este é um “grupo islâmico radical conhecido por alimentar a tensão local. Eles conseguiram limitar as atividades de nossa igreja à força”, disse. Segundo membros da congregação, impedir a realização dos cultos é uma atitude contrária ao acordo do Tribunal Constitucional; por isso, eles apresentaram uma queixa à polícia. Este último recurso à justiça é suportado pelo Sínodo das Igrejas Indonésias (IGP, sigla em inglês) e pelo Working Group on Human Rights, que condena a “face dupla” do governo em termos de liberdade religiosa.

O processo para a construção de uma igreja na Indonésia – católica ou protestante – é bastante complicado; pode-se levar de cinco a dez anos para obter todas as licenças exigidas por lei. O procedimento é regido pela Mendirikan Izin Bangunan (IMB), uma espécie de protocolo escrito emitido pelas autoridades locais, que permite o início das construções. A situação fica mais complicada se for um local de culto cristão: a permissão deve ser obtida a partir de um número de residentes na área onde o edifício será registrado, além da avaliação do grupo local para o Diálogo Inter-Religioso. Mesmo se a permissão for concedida, “razões não especificadas” podem entrar em jogo, o que pode resultar no bloqueio dos projetos. Muitas vezes, isso ocorre após pressão da comunidade muçulmana ou movimentos radicais islâmicos.

No final de maio, os fiéis da Igreja Yasmin comemoraram o Pentecostes, em Jacarta, em frente ao palácio presidencial. Os cristãos se reuniram perto da residência do chefe de Estado da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, porque foram privados de seus lugares de culto. Durante três anos, eles não puderam ir à igreja, que foi selada a mando de autoridades locais.

[b]Fonte: Missão Portas Abertas[/b]

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