Em meio a debate sobre nova legislação, autora afirma que ‘tapinha’ na criança deve ser usado como método educativo.

Lançado há dois meses, o livro “Tapa na Bunda – Como Impor Limites e Estabelecer um Relacionamento Sadio com as Crianças em Tempos Politicamente Corretos” (Ed. Matrix, 174 pgs., R$ 27) vem mobilizando pediatras e profissionais ligados à educação e à terapia infantil.

No centro da polêmica está a defesa da palmada como método educativo. Autora do livro, a terapeuta infantil Denise Dias afirma que “monstrualizaram” o tapinha.

“Crianças que não sabem ouvir não e crescem totalmente sem limites”, diz. As ideias do livro vão de encontro ao princípio defendido no projeto de lei 7672/2010, a Lei da Palmada, em tramitação no Congresso. “Não há um único trabalho científico no mundo que tenha provado que bater educa”, diz Rachel Niskier, diretora da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Em contrapartida, há inúmeros estudos provando os danos na vida das vítimas de violência na infância”, afirma Rachel.

Encaminhado pelo Executivo, o projeto da Lei da Palmada deverá ser votado na Câmara dos Deputados até o final do ano, diz a relatora Teresa Surita (PMDB-RR).

Caso seja aprovada a nova lei, o Estatuto da Criança e do Adolescente passará a contar com um artigo em que se garante o direito a uma educação e cuidados sem o uso de castigos corporais ou tratamento cruel e degradante.

“Sofrer castigos na infância vira marca na história das pessoas”, diz Marilene Proença, integrante do Conselho Federal de Psicologia. Para além do debate formal sobre o tema, o livro e sua autora vêm sendo alvo de ataques na internet. Denise chegou a registrar um boletim de ocorrência após receber ameaças em de redes sociais.

“Sob anonimato, passaram a me ameaçar de surra e de me pegar na rua”, diz ela, que mora em Ribeirão Preto. Segundo a Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância, 12% das 55,6 milhões de crianças menores de 14 anos são vítimas de violência doméstica por ano no Brasil.

[b]Autora diz sofrer ameaças na internet
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Para além do debate formal sobre o tema, o livro “Tapa na Bunda” e sua autora, Denise Dias, vêm sendo alvo de ataques na internet.
Denise chegou a registrar um boletim de ocorrência após receber ameaças em de redes sociais.

“Sob anonimato, passaram a condenar o livro sem tê-lo lido, e a me ameaçar de surra e de me pegar na rua”, diz a autora, que vive em Ribeirão Preto, interior paulista.

Um dos debates mais acalorados ocorreu na comunidade Pediatria Radical, no Orkut, com 17 mil membros. “A ‘terapeuta’ tem que levar de mão fechada no meio da orelha, mas sem deixar marca, claro”, diz um internauta. A comunidade é um espaço para troca de experiências entre mães sobre educação e psicologia infantil. “O fórum é aberto. Não censuramos manifestação nem respondemos pelas opiniões de nenhum membro”, diz a pediatra Thelma de Oliveira, fundadora da comunidade.

As ameaças foram rechaçadas por outros membros da Pediatria Radical, composta de defensores de educação sem o uso de castigos físicos.

A artilharia se virou também contra a Matrix, editora do livro, com propostas de boicotes. “Como pode alguém dizer que é contra a violência ao mesmo tempo em que sugere ‘bater em quem escreveu o livro?'”, diz Nice Vieira, sócia da Matrix. “O título é apelativo”, reconhece a autora. “Mas não faço apologia à violência.”

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

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