O Grupo de Trabalho de Estudo sobre Sexualidade da Igreja Evangélica Luterana dos Estados Unidos publicou, em março, documento rascunho da Declaração Social sobre a Sexualidade Humana, com o intuito de debatê-lo e recolher propostas dos 4,8 milhões de luteranos, até o dia 1° de novembro.
As declarações sociais são documentos de ensino que luteranos preparam para formar um critério sobre temas sociais. Elas oferecem um enquadramento teológico e ético para a discussão, o discernimento e a tomada de decisões, também para o estabelecimento de políticas na igreja. As declarações são adotadas oficialmente com a aprovação de dois terços dos votos dos delegados às assembléias gerais da igreja.
Realizadas a cada dois anos, as assembléias gerais representam a maior autoridade legislativa na ELCA. A próxima assembléia será realizada de 7 a 23 de agosto de 2009, em Minneapolis.
“Somos criaturas sexuadas desde o momento de nosso nascimento até a morte. O rascunho da declaração social assume esta realidade seriamente e encara a sexualidade em relação às variadas situações de nossas vidas. A pergunta comum de todos os tempos é sobre aquilo que serve ao bem-estar de nosso próximo, aquilo que cria e sustenta a confiança, e aquilo que protege do dano”, afirmou a diretora executiva da Divisão da Igreja na Sociedade da ELCA, pastora Rebecca S. Larson.
O grupo de trabalho espera que a declaração social seja um convite à igreja para continuar o diálogo. O rascunho representa o melhor do pensamento do grupo de trabalho até o momento, embora “nem todos os membros do grupo concordaram com todas as partes do documento. O grupo de trabalho espera que aprendamos aquilo que no rascunho é de ajuda, aquilo que pode mudar, e aquilo que ainda está defeituoso”, disse Larson.
A maioria dos 65 sínodos da ELCA pretende realizar audiências públicas até novembro como uma oportunidade para que os luteranos possam discutir o rascunho da declaração social. Espera-se que pelo menos um representante do grupo de trabalho participe em cada uma das audiências públicas. A ELCA conta com 10.549 congregações, organizadas em 65 sínodos.
O rascunho da declaração social não encara a política atual da ELCA, que “exclui as pessoas homossexuais praticantes da listagem oficial de pastores e pastoras nesta igreja”. Ao grupo de trabalho foi solicitado realizar recomendações sobre as exigências dessa listagem para serem considerados na Assembléia Geral de 2009.
O documento enfatiza que a ELCA “não favorece nem aprova os acordos de coabitação fora do casamento”, mas admite que existe uma ampla gama de forças sociais e que “certas leis e realidades econômicas nesta sociedade criam dificuldades para muitas pessoas, incluindo adultos maiores, quem desejariam estar casados legalmente”.
Também afirma que depois de “muitos anos de estudo e debate, esta igreja não tem um consenso em relação às relações de amor e compromisso entre pessoas do mesmo sexo. Esta igreja se comprometeu a continuar acompanhando a uns e outros no estudo, na oração, no discernimento e no cuidado pastoral”.
Os luteranos acreditam, segundo o documento, que não há nada que possam fazer para ganhar o amor de Deus. “O amor de Deus vem a nós apesar daquilo que somos. Respondemos a esse amor cuidando e promovendo o bem-estar de nosso próximo”, pontuou Larson.
Fonte: ALC