A Igreja Evangélica da Alemanha do Norte, uma das 22 igrejas regionais (Landeskirche) que integram a Igreja Evangélica Alemã (EKD, a sigla em alemão), incumbiu o historiador Stephan Linck de pesquisar a herança que o apoio da denominação ao regime nazista deixou no pós-guerra.
Linck publicou, recentemente, “Novo início? A relação da Igreja Evangélica com o seu passado nazista e com o judaísmo. As igrejas regionais no norte do Elba, 1945-1065”, o primeiro de dois volumes sobre o tema, editado pela casa publicadora da própria igreja.
Não é o primeiro “mea culpa” da igreja regional. Em 1998, a Igreja Evangélica da Alemanha do Norte publicou declaração por ocasião do cinquentenário da Noite dos Cristais. Mostra sobre o assunto, realizada em vários locais entre 2001 e 2007, gerou profunda discussão, pois evidenciou a cumplicidade da Igreja Evangélica na perseguição aos judeus.
A pesquisa ora em andamento quer saber “como a Igreja Evangélica mudou depois do nazismo e como foi possível que, ao longo das décadas, o tema nunca foi abordado criticamente”, disse Linck em entrevista à repórter Andrea Galli, do jornal Avvenire, dos bispos italianos.
Linck revelou que o apoio protestante a Adolf Hitler foi enorme “porque ele havia removido a República, que era vista como uma entidade a-religiosa”, explicou o historiador. Os luteranos, em particular, rejeitaram a República porque ela levou à renúncia do Kaiser e rei da Prússia, que era tido como autoridade luterana.
Os nazistas, relatou Linck, propagandeavam um ‘cristianismo positivo’, voltado negativamente apenas contra os judeus, “e isso encontrou o favor dos luteranos”. O historiador considera triste o fato de uma análise crítica dessa parte da história da igreja protestante tenha começado tão tarde.
[b]Fonte: ALC[/b]