Um momento único de alegria e de demonstração de amizade entre duas famílias tem se tornado motivo de tristeza para a dona-de-casa Cleide Coelho. No último mês, ela foi convidada para ser a madrinha de batismo do filho de um casal amigo.
Às vésperas do batizado, a dona-de-casa foi informada que não poderia mais ser a madrinha da criança porque o padre Delcimar Santos, responsável pela paróquia de Miguel Alves, onde será realizado o batizado, não aceitava que uma mãe solteira se tornasse madrinha da criança.
A dona-de-casa Cleide Coelho se sentiu ofendida e agredida pela atitude de um padre do município. “Ele recomendou aos pais do bebê que escolhessem outros padrinhos, pois além de mim, um dos padrinhos também era pai solteiro. Pra mim, isso é uma agressão e uma forma de preconceito”, afirma.
Mas a dona-de-casa não acredita que essa seja uma posição geral da Igreja. “Nunca pensei que ainda hoje um padre fosse capaz de fazer isso. Os pais da criança são humildes e não têm como procurar uma outra igreja para batizar o bebê, por isso precisam se submeter ao que o padre exige. Por isso, eu pretendo contactar a Igreja em Teresina para descobrir uma forma de conseguir autorização para batizar a criança”, ressalta.
Padre Gilberto Costa, Vigário Geral da Arquidiocese de Teresina, acredita que deve ter acontecido um mal-entendido. “A Igreja não veta ninguém por ser mãe ou pai solteiro, nem poderíamos tomar este tipo de atitude. Qualquer pessoa pode ser madrinha ou padrinho de uma criança, salvo os casos em que a pessoa não tenha condições de encaminhar a criança na fé cristã, que não tenha um testemunho de vida compatível com esta exigência”, diz.
Para o vigário geral, o que pode ter acontecido neste caso é de o padre Delcimar Santos não ter confiança de que aquela pessoa terá condições de orientar a criança.
“Acredito que por uma questão de ética dele, ele tenha suas razões para ter orientado a família a encontrar outros padrinhos. Mas se a senhora Cleide Coelho se sente injustiçada pode nos procurar, pois tentaremos resolver este problema da melhor forma”, afirma padre Gilberto Costa.
A reporagem entrou em contato com o padre Delcimar Santos, mas ele resolveu não se manifestar a respeito do fato ocorrido.
Fonte: Jornal Meio-Norte