Mais dois bispos católicos romanos da Irlanda renunciaram nesta sexta-feira como consequência do escândalo causado por um relatório que revelou décadas de abuso de crianças em instituições irlandesas comandadas por padres, além do esforço dos líderes religiosos de acobertar o crime.

Os bispos de Dublin Eamonn Walsh e Ray Field pediram desculpas às vítimas e anunciaram sua renúncia durante a missa de Natal.

Neste mês, outros dois bispos, Donal Murray de Limerick e Jim Moriarty de Kildare, renunciaram depois da publicação, em 26 de novembro, dos resultados de uma investigação de três anos sobre abuso sexual de crianças por padres.

O relatório oficial de 700 páginas afirmou que a Igreja Católica da Irlanda encobriu os abusos sexuais cometidos pelos seus padres contra as crianças da região de Dublin durante décadas.

O documento foi publicado pouco depois do relatório elaborado pela Comissão da Diocese de Dublin com o nome de 15 padres acusados pelo abuso de 450 crianças em um período de 35 anos. O relatório identifica também as vítimas e foi entregue ao ministro de Justiça, Dermot Ahern –que deve decidir se publicará o nome dos acusados, algo que pode causar uma polêmica de grandes proporções na Igreja Católica.

em comunicado conjunto, Walsh e Field disseram esperar que sua renúncia “ajude a trazer paz e reconciliação de Jesus Cristo às vítimas e sobreviventes do abuso sexual infantil. Nós pedimos desculpas a elas”.

“Nossos pensamentos e orações estão com aqueles que tão bravamente denunciaram e com aqueles que sofreram em silêncio”, disseram.

Vaticano

Não há indicação do Vaticano de qual deve ser a resposta da Igreja Católica ao relatório. A questão não será fácil. Um padre admitiu que abusou de mais de cem crianças. Outro disse que ele abusou de crianças a cada duas semanas por 25 anos.

As revelações vieram seis meses depois de outro documento com relatos sobre trabalho escravo, estupro coletivo e outros crimes hediondos nas escolas gerenciadas pela igreja católica irlandesa no século 20.

No último dia 12, Bento 16 recebeu, no Vaticano, representantes da Conferência Episcopal Irlandesa para analisar os casos. O Vaticano não divulgou informações sobre a reunião e apenas confirmou o encontro.

O papa condenou duramente abuso cometido por padres durante suas viagens a dois países atingidos por este tipo de escândalo –os Estados Unidos e a Austrália. Os críticos, contudo, dizem que o Vaticano não fez o suficiente para entregar os suspeitos à Justiça.

Fonte: Folha Online

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