Fiel da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que orienta seus seguidores a guardar os sábados, a estudante Ana Patrícia Pacheco Passos, de 19 anos, não conseguiu fazer o Exame Nacional do Ensino Médio ontem no Rio.

Ela compareceu ao local do exame no horário correto, mas foi informada pela coordenação do câmpus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que não havia no local previsão para atendimento especial a pessoas com restrições religiosas.

Segundo a estudante, ela foi orientada a seguir para outra escola, mas não havia mais tempo suficiente para o deslocamento.

Com documentos e cópia de e-mails em mãos, Ana Patrícia afirmou que seguiu todas as orientações dadas pelo Instituto Nacional de Estudos de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – um dos organizadores do Enem. Ela enviou um e-mail para a autarquia no dia 7 de julho informando que sua religião não permitia que ela fizesse a prova antes do pôr-do-sol de sábado e perguntando se deveria selecionar a opção “necessidades especiais” na ficha de inscrição.

A estudante mostrou cópia do e-mail enviado a ela no dia 10 de setembro. No texto, o Inep informa que os candidatos na mesma situação de Ana Patrícia deveriam comparecer aos locais de prova, mas poderiam aguardar “em local próprio, e só começar a responder ao caderno de questões após o final do dia”. O e-mail ainda informa que a mensagem de Ana Patrícia seria encaminhada à coordenação-geral do Enem, “para análise e providências necessárias”.

Ontem, Ana Patrícia tentou obter informações durante uma hora e meia, mas não conseguiu voltar a ter acesso à coordenação do Enem na Uerj. “A coordenadora mandou dizer que não ia falar mais nada, então resolvi voltar para casa. O pior é que ainda liguei para o Inep para confirmar como deveria proceder. Fui prejudicada. Parece até intolerância religiosa”, afirmou Ana Patrícia, que tentava ser aprovada para alguma faculdade pública de medicina.

Muitos outros estudantes se queixaram antes e depois da realização do exame. O vazamento da primeira prova, denunciado pelo Estado, era assunto de rodinhas de conversas e ainda provocava revolta entre os estudantes.

Fonte: Agência Estado

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