Na noite deste domingo (23), a Mangueira apresentou um desfile sobre a vida de Jesus. Além do enredo, intitulado A Verdade Vos Fará Livre, o grupo levou para a avenida várias pessoas, que interpretaram Cristo.
A Estação Primeira de Mangueira foi a terceira escola a desfilar nesse domingo (23) de carnaval.
À frente da agremiação, vinte religiosos de diferentes grupos trouxeram uma faixa pregando a liberdade religiosa. A faixa trazia os dizeres: “independente de sua fé, o respeito deve prevalecer”.
A rainha de bateria da escola, Evelyn Bastos, foi uma das intérpretes de Jesus, bem como o ator Humberto Carrão. O pastor Henrique Vieira esteve na avenida como Cristo em situação de rua.
“A escola mostrou um Jesus Cristo que não é necessariamente um Jesus Cristo loiro e de olhos azuis. É o Jesus negro, amarelo, índio e que tem corpo de mulher. Ou seja, tira o Jesus do altar e coloca ele na avenida Sapucaí, que se tornou um grande altar”, celebrou o pastor.
A Comissão de Frente da Mangueira apresentou uma versão contemporânea de Jesus, na qual ele também foi exibido como morador de periferia. Já Maria foi representada por Alcione.
No enredo, a escola carioca atacou líderes cristãos, chamados de “profetas da intolerância”, e também alfinetou o presidente Jair Bolsonaro, no trecho “Favela, pega a visão, não tem futuro sem partilha nem messias de arma na mão”. O título do enredo da Mangueira fez alusão ao texto João 8:32, frequentemente citado por Bolsonaro.
Uma das compositoras da obra, Manuela Oiticica, mais conhecida como Manu da Cuíca, disse em entrevista ao portal Terra que a letra não é uma crítica ao presidente.
“Não é uma crítica direta a Bolsonaro, mas sim a supostos heróis de nossa história que surgem com soluções fáceis e agem com violência e autoridade, simplificando questões complexas”, afirma.
Abaixo-assinado
O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, uma associação tradicionalista católica romana de direito privado, divulgou um abaixo-assinado em repúdio a Mangueira em seu site.
Na petição, o IPCO diz que sente “repulsa por esse samba de 2020 que conspurca a figura sagrada de Nosso Senhor Jesus”.
“Nesses últimos anos, não há Carnaval em que a Face Sagrada de Cristo não seja ultrajada, agredida, sempre em nome da ‘liberdade de expressão’”, diz o documento.
O abaixo-assinado está aqui.
Fonte: Pleno News e Terça Livre