Marcelo Crivella
Marcelo Crivella

Em entrevista à Revista Veja, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que cometeu alguns erros ao longo do ano, mas que não foi “eleito para ser perfeito, mas para ser prefeito”. Ele também falou sobre a mistura de religião e política e também sobre seus valores.

Chamado por vezes de prefeito sumido, o prefeito do Rio garante que faz política de maneira discreta, mas que está presente com ações na cidade. Ele explicou, no entanto, que cometeu alguns eros, mas que espera que a população tenha paciência com ele. Para Crivella, havia uma “bomba-relógio”na Prefeitura.

– A Olimpíada me deixou como legado uma manada de elefantes brancos, que agora, junto com o Ministério do Esporte, pretendo conceder à iniciativa privada. A impressão que tenho é que as administrações anteriores agiam como um pai irresponsável, que vê o filho chorando e o enche de chocolate e refrigerante. O pai sabe que os dentes vão estragar, mas fica feliz de se ver livre das lágrimas da criança – destacou.

À publicação, Marcelo Crivella também comentou sobre a indicação de um primo do Bispo Edir Macedo, da Igreja Universal (IURD). Para o prefeito, Fábio Macedo, que ocupa o cargo de administrador da sede da Prefeitura, tem experiência e é competente. Ele negou que isso seja algum tipo de benefício para a IURD.

– Posso garantir que a Igreja Universal não recebe nenhum favor do meu governo. Ao contrário: ela é que nos ajuda com doações de alimentos e em campanhas contra a dengue. Quando eu era pastor, servia ao povo da minha igreja. Agora, na política, minha missão é servir a todos. Quem sabe, vendo as minhas boas obras, o povo agradeça ao nosso Deus que está nos céus. Seria sublime se todos conhecessem esse Jesus que amo tanto – defendeu.

O prefeito ainda falou sobre os valores que tem e mencionou a exposição Queermuseu, vetada por ele na cidade por ofender o catolicismo. Marcelo Crivella destacou que o voto brasileiro é conservador e que não vê problemas em política e religião andarem juntas.

Confira a entrevista abaixo:

Em seu primeiro ano de gestão, o senhor ganhou o apelido de “prefeito sumido”. É injusto?

Claro. Pergunte ao ascensorista se não sou o primeiro a chegar à prefeitura todos os dias às 7 da manhã. Agora, não sou um homem que veio para estar nos holofotes do palco. Faço política discretamente. Esse é o meu estilo.

Além de cortar verbas para o Carnaval, o senhor não participou da festa. Desta vez a religião pesou?

Cortei a verba porque precisava de recursos para investir em creches e creio que o Carnaval tem potencial para andar por conta própria, sem depender do Estado. O desfile das escolas de samba fatura com ingressos e patrocínio. Não fui ao Sambódromo porque minha promessa de campanha é cuidar das pessoas, e não sambar na avenida. O que diria meu eleitor se eu fosse lá para tocar pandeiro e aparecesse do lado de uma rainha de bateria? Não é justo que, para receber aplauso, eu crie um clone de mim mesmo e vire um soldado da demagogia.

O senhor vetou a exposição Queermuseu no Rio alegando que ela fazia “profanação de símbolos de culto”. Aí foi uma decisão do prefeito ou do bispo Crivella?

Aquela exposição ofendia o catolicismo, e as pessoas que me elegeram exigem de mim respeito a todas as religiões.

O senhor foi ministro de Lula e teve o apoio da família Bolsonaro no segundo turno da eleição do Rio de Janeiro. Apoiará algum dos dois em 2018?

São candidatos expressivos, porém em campos muito radicais. Precisamos de forças conciliatórias para o imprevisível processo eleitoral de 2018. Meu partido, o PRB, aguarda o surgimento de uma liderança de centro que desperte a fé das pessoas. Está tudo muito indefinido ainda, mas acho que na hora certa o eleitor vai evitar os extremismos e optará pelo voto conservador.

Conservador também nos valores?

Sim, sem dúvida. Os fundadores do Estado americano — Thomas Jefferson, George Washington, John Adams — eram homens de oração que, no entanto, jamais tentaram doutrinar. Propagaram princípios e valores cristãos altamente benéficos para a sociedade. Faço o mesmo: leio a Bíblia desde os 9 anos e não passo um dia sem citá-la. O problema não é misturar política e religião, mas sim Estado e Igreja

A entrevista completa está na revista Veja Edição 2563 de 03/01/2018

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