Milhões de islâmicos xiitas celebraram nesta terça-feira o fim das festividades anuais da Ashura, data que marca a morte em 680 AC do imã Hussein, neto do profeta Maomé e filho de Ali (a figura mais reverenciada do islã xiita).

Segundo a tradição, Hussein foi morto em uma batalha contra as forças do que se tornaria o ramo principal do islamismo sunita. Para muitos, a derrota confirmou a existência de uma minoria islâmica xiita e marcou a divisão entre os dois ramos.

Os rituais da Ashura compreendem largas procissões, nas quais os fiéis batem nos próprios peitos e freqüentemente se cortam com lâminas, para honrar a morte de Hussein. Ao redor do mundo, muçulmanos xiitas comemoraram hoje o fim das celebrações de 2007.

Em muitos casos, porém, a terça-feira foi marcada também pelo sangue de ataques perpetrados contra os fiéis. Leia abaixo as principais ocorrências de hoje.

Iraque

Em mais um dia de violência, explosões sacudiram as cerimônias xiitas em Mandali e Khanaqin, enquanto homens armados abriram fogo contra fiéis em Bagdá. Os ataques deixaram hoje cerca de 60 mortos.

Em Karbala, palco da histórica batalha onde Hussein foi morto, 1,5 milhão de iraquianos e peregrinos participaram das festividades.

Paquistão

Um ataque em uma procissão da Ashura detonou trocas de tiros que mataram dois muçulmanos sunitas na cidade de Peshawar, na fronteira com o Afeganistão. Nos últimos três dias, ao menos dois ataques suicidas no noroeste do Paquistão atingiram agrupamentos xiitas.

Líbano

Dezenas de milhares de xiitas marcharam em subúrbios ao sul de Beirute e no sul do Líbano para celebrar a Ashura. Durante um discurso para seguidores reunidos na capital, o líder do grupo radical xiita Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, acusou os EUA de fomentar a guerra civil no Líbano.

Irã

Fiéis choravam enquanto marcharam através de Teerã, enquanto crianças carregavam berços como lembrança do filho de Hussein que também morreu na batalha em Karbala.

Na cidade de Bijar, ao sul, xiitas se cobriram de lama para demonstrar luto. Desde a época do antigo líder iraniano aiatolá Ruhollah Khomeini, os clérigos do Irã –de maioria xiita– proibiram o derramamento de sangue nos ritos da Ashura.

Arábia Saudita

Homens se autoflageraram com lâminas e marcharam cobertos com o próprio sangue pelas ruas da cidade de Awwamiya, no leste do país. Em outras cidades próximas, os xiitas reprimiram o derramamento de sangue por ordens de seus clérigos. A minoria xiita na Arábia Saudita (cerca de 15% dos 20 milhões de cidadãos do país) costumam reclamar de discriminação. A rígida interpretação islâmica sunita (Wahhabi) adotada na Arábia Saudita considera os xiitas infiéis.

Bahrein

Cerca de 15 mil pessoas desfilaram pela capital, Manama, nesta ilha do golfo onde 70% dos 450 mil cidadãos são xiitas. O Bahrein é a única nação árabe além do Irã a possuir uma maioria xiita, apesar de ser liderada por um sunita.

Fonte: Folha Online

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