O ministro Marco Aurélio, 65, do STF, disse que não consegue conceber “que nas notas de moedas do real nós tenhamos ‘Deus seja louvado’”, porque isso fere a laicidade do Estado.

Em uma entrevista ao UOL, lembrou que na argumentação de seu voto favorável à descriminalização do aborto de fetos anencéfalos, em abril, ressaltou que o Brasil não está mais no império, “quando a religião católica era obrigatória e o imperador era obrigado a observá-la”. “

Como outro exemplo de incompatibilidade com o Estado laico ele citou o crucifixo do plenário do STF. “Devíamos ter só o brasão da República.”

Aurélio elogiou a decisão do Tribunal de Justiça gaúcho pela retirada do crucifixo de todas as suas dependências, o que demonstra, segundo ele, que o Rio Grande do Sul é um Estado que “está sempre à frente em questões políticas”.

Celso de Mello, outro ministro do Supremo, já tinha elogiado a decisão da Justiça gaúcha. Em março, em um artigo para o site Consultor Jurídico ele escreveu que “a laicidade do Estado brasileiro reveste-se de natureza eminentemente constitucional e traduz natural consequência da separação institucional entre Igreja e Estado”.

A entrevista de Marco Aurélio se concentrou na denúncia do ministro do STF Gilmar Mendes segundo a qual ele foi pressionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a adiar o julgamento do mensalão. Para Aurélio, Gilmar errou ao receber Lula no escritório do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, e não em seu gabinete no STF. e, pelo mesmo motivo, Lula também não agiu corretamente.

[b]Fonte: Paulopes[/b]

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