[img align=left width=300]https://i1.wp.com/noticias.gospelmais.com.br/files/2017/06/pastor-severino-vilarindo-lima-igreja-batista-central-de-brasilia.jpg[/img]
Morreu, nesta quinta-feira (1º/6), o pastor Vilarindo Lima, fundador da Igreja Batista Central de Brasília (IBCB). O pastor sofria com uma pneumonia há dois meses e, por complicações da doença, estava internado no Hospital Brasília. Seu primeiro neto e presidente da (IBCB), Ricardo Espindola, conta que o quadro do pastor mudou drasticamente nesta última semana. “De repente, ele foi piorando e, como se fosse uma vela, apagando”, relata.
A família se revezava para acompanhar Vilarindo no hospital. O pastor, que era conhecido por suas orações pela cura e milagres, descansou em paz, cercado pelos filhos e pelos netos. O velório vai começar às 17h dessa sexta-feira (2/5), no templo da 603 Sul, e seguirá até as 9h de sábado, quando será celebrada um culto de corpo presente. O sepultamento será às 14h, no Cemitério Campo da Esperança.
[b]Origens [/b]
Severino Vilarindo Lima nasceu em Umbuzeiro, cidade do interior de Pernambuco. Guiado pelo versículo “Este é o dia que o Senhor fez, regozijemo-nos e alegremo-nos nele”, descrito em Salmos, o pernambucano superou momentos árduos da infância e ajudou a dar forma à Igreja Batista Central de Brasília.
A trajetória começa em 1926. Primogênito de um filho de coronel e uma cortadora de cana, foi criado pelo avô paterno até os 9 anos e, depois, pela madrinha. A nova família o obrigava a vender balas e os famosos puxas-puxas nas ruas, com o intuito de obter a renda necessária para manter os seis irmãos de criação do pequeno na escola. “O colégio estadual era público. Ainda assim, o preço para poupar as outras crianças do trabalho era alto – envolvia custos alimentícios, de materiais, uniformes, entre outros”, contou Ricardo, neto do pastor, em entrevista ao Correio no ano passado.
A dura rotina não impedia Vilarindo de sonhar com um futuro melhor. O maior desejo, à época, era ingressar em um centro de estudos. Ele chegou, até mesmo, a levar um pequeno caixote de frutas à escola da cidade, para usá-lo como carteira, já que o local não dispunha de infraestrutura para todos os estudantes. O padrasto, no entanto, era completamente contrário a ideia. Na única oportunidade em que pediu para iniciar o processo de aprendizagem, foi agredido. “Em meio à discussão, o homem atingiu meu avô com um faca. Ele, então, fugiu. Passou por muitas dificuldades, mas aquele foi o primeiro passo para a mudança”, afirmou o neto.
A criança adotou Campina Grande (PB) como destino. Foi maltratada nas ruas e passou fome. A situação mudou quando, desmaiado em uma avenida, foi acolhido pela dona de uma alfaiataria. As costuras desenvolvidas pela moça saltaram aos olhos de Vilarindo Lima. Assim, na casa e no local de trabalho de sua criadora, estudou e aprendeu o ofício que praticaria nos anos seguintes.
[b]Juventude [/b]
Tempos depois, o jovem, como vários outros, começou a frequentar bares e a beber com frequência. A situação, entretanto, não o impediu de apaixonar-se pela bela Carmem de Araújo. Eles se conheceram em 1945. Durante três meses, trocaram experiências e viveram um grande romance. O curto período de tempo foi suficiente para que decidissem anunciar o casamento. O matrimônio, que durou 64 anos, era regado com muitos mimos. Vilarindo entregava rosas para Carmem todos os dias, além de lembrá-la do tamanho do seu amor. A rotina perdurou até 2009, ano do falecimento da companheira.
Carmem está presente na memória como esposa e mãe dedicada. Foi ela, também, que apresentou Vilarindo ao evangelho. A iniciativa deu certo. Ainda que em segredo, o jovem converteu-se e cultivava um grande amor pela palavra de Deus. A revelação aos conhecidos ocorreu apenas meses depois, em uma briga de rua, na qual Vilarindo afirmou que não bateria em um rapaz, porque era crente.
Aos 18 anos, Vilarindo mudou-se com a família para Natal e ingressou na Marinha. Para prestar serviços ao Brasil, inicialmente, escondeu o matrimônio. Na força naval, o pastor ministrou cultos, formou-se em administração e jornalismo e cuidou do departamento de alfaiataria. Confeccionava fardas para grandes autoridades, como João Figueiredo, Ernesto Geisel e Juscelino Kubitschek. A força armada rendeu a Vilarindo viagens para Egito e Tenerife e, mais tarde, a mudança para o Rio de Janeiro.
[b]Propósito divino
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Vilarindo Lima decidiu trocar o território carioca por Brasília, após a solicitação de Ernesto Geisel. Na capital federal, assumiu um cargo no Estado Maior das Forças Armadas (Enfa), além de posicionar-se como dirigente da alfaiataria oficial da Marinha.
A mudança de cidade, porém, é encarada pelo pastor como um propósito de Deus. Durante a juventude, de acordo com Ricardo, o avô teve uma visão. A mensagem divina era clara: “Você irá para a cidade de edifícios deitados”. Ao abrir as janelas do apartamento onde morava, em 1969, Vilarindo percebeu que a previsão se concretizara.
Em território brasiliense, Vilarindo ajudaria a fundar um dos mais icônicos templos nacionais, além de promover curas entre fiéis. No ano de 1970, o pastor foi convidado por Antônio Martins Villas Boas a frequentar os cultos da Igreja Batista Central (IBC). A reunião contava com a presença de apenas 16 pessoas e, nela, foi lido o Salmo 127. Dois meses após o encontro, em 1970, Vilarindo Lima foi convidado para presidir os trabalhos. No ano seguinte, foi empossado presidente do centro religioso. Nos últimos anos de vida, devido ao Alzheimer, Vilarindo não conseguia ministrar cultos, mas ainda assistia a algumas pregações.
[b]Fonte: Correio Braziliense[/b]