A polêmica em torno de uma ordem judicial para sacrificar um boi considerado sagrado por hinduístas ganhou destaque nas páginas dos jornais britânicos nesta sexta-feira.
Depois de três meses de disputa legal, Shambo, contaminado por tuberculose bovina, foi morto com uma injeção letal, confirmaram autoridades do país nesta sexta-feira. “Chegou a hora para Shambo”, disse em sua primeira página o jornal The Guardian.
O animal apareceu também na capa do The Daily Telegraph e Daily Mail, e ganhou um artigo no The Times. Ao longo do dia as TVs transmitiram ao vivo o imbróglio protagonizado pelo oficial de Justiça que tentava cumprir a ordem de levar Shambo para a execução.
“Foi um dia de extremos surrealistas. Para o boi, foi talvez trágico; para a comunidade que vinha tentando salvá-lo, triste; mas para as autoridades, altamente desastroso”, avaliou o Guardian.
“Imagens de policiais robustos contendo os monges hinduístas, abrindo caminho em um templo e conduzindo um boi de aparência saudável para o abate não pegaram bem.”
Escudo humano
Shambo, que pertencia ao templo hinduísta, foi sacrificado porque as autoridades sanitárias locais entenderam que o procedimento era necessário para “proteger a saúde humana e animal”. Mas a comunidade hinduísta alegava que, de acordo com suas crenças, o animal era considerado sagrado, e não entraria na cadeia alimentar.
Além da ação, os donos do boi lançaram uma petição online contra morte de Shambo, que havia recebido 17,6 mil assinaturas até a quinta-feira. O Times destacou o escudo humano formado por monges budistas que tentavam impedir a morte do animal.
“Os momentos finais do boi em seu cercado foram transmitidos para milhares de pessoas que assistiam à sua webcam, apelidada de MooTube”, escreveu o jornal.
Já o Daily Mail afirmou que, ao final, nem os monges budistas – “especialistas no poder da prece” – foram “páreo para o poder da lei.” O Daily Telegraph informou que, quando o animal foi levado embora, um dos monges gritou, entre lágrimas: “Adeus, Shambo. Volte como ser humano da próxima vez!”
Fonte: BBC Brasil