O ministro do Interior do Quênia anunciou uma operação ampliada no rancho de propriedade de um pastor acusado de liderar uma seita religiosa e ordenar que seus seguidores passassem fome para “encontrar Jesus”.
Após a exumação de mais 17 corpos, o número total de mortos no rancho aumentou para 90. Até o momento, apenas 34 pessoas foram resgatadas após jejum mortal. De acordo com a Cruz Vermelha do Quênia, o número atual de desaparecidos é de 213.
Responsável pela igreja Good News International, o líder religioso Paul Mackenzie Nthenge foi preso sob acusação de ter atraído seus seguidores para um rancho próximo à cidade costeira de Malindi.
Nthenge teria ordenado que seus seguidores jejuassem até a morte para “encontrar Jesus”, antes de enterrá-los em covas rasas em suas terras. A polícia invadiu a propriedade no início deste mês e prendeu Nthenge, que permanece sob custódia policial aguardando uma audiência no tribunal.
Durante uma visita ao local, o ministro do Interior, Kithure Kindiki, anunciou que a equipe de segurança “aprimorará as missões de busca e resgate para salvar o maior número de vidas possível”. Ele também declarou que a área total de mais de 3 mil metros quadrados que compõe a fazenda Shakahola está “declarada uma área perturbada e uma zona de operação”.
Extremismo religioso
O ministro afirmou que o país mudaria a maneira como lida com as ameaças do extremismo religioso e anunciou uma investigação sobre outro culto suspeito na mesma região.
“Lançamos a rede mais ampla para outra organização religiosa aqui em Kilifi. Abrimos um inquérito formal sobre esse grupo religioso e estamos obtendo pistas cruciais de que talvez [isso] seja a ponta do iceberg”, disse Kindiki.
As equipes que estão escavando no local descobriram corpos em estado de decomposição enterrados em valas coletivas e túmulos individuais que foram marcados com cruzes.
Segundo informa o The Guardian, algumas pessoas que viviam em casas com paredes de barro dentro do rancho conseguiram fugir antes da chegada das equipes de resgate. Até o momento, a maioria dos resgatados são aqueles que não podem caminhar ou falar.
De acordo com a mídia local, as autópsias dos corpos devem ter início nesta quinta-feira (27), porém, os necrotérios do governo em Kilifi estão lotados.
Esse é considerado o pior caso registrado no Quênia de supostas mortes causadas por “cultos”.
O pastor já havia sido preso duas vezes antes, em 2019 e em março deste ano, relacionado à morte de crianças. Em ambas as ocasiões, ele foi solto sob fiança, e os casos ainda estão em andamento no sistema judicial.
Fonte: Guia-me com informações de The Guardian