O Ministério Público entrou ontem com recurso contra a decisão da Justiça que absolveu no última dia 9 de junho Anderson Marcos Batista, sua mulher, Conceição Eletério e os irmãos Evandro e Everson Guimarães. Eles responderam pelos crimes de formação de quadrilha e extorsão contra o padre Júlio Lancelotti (foto).
Para o Ministério Público, há provas suficientes de que os quatro cometeram o crime de extorsão contra o sacerdote.
O caso começou no ano passado, quando o padre Júlio Lancelotti procurou a polícia para denunciar o grupo afirmando que eles o ameaçavam com denúncias falsas de pedofilia. Ele disse ter pago R$150 mil aos quatro por causa das extorsões. O padre disse à polícia ter dado o dinheiro a Batista por sentir medo de ser agredido e porque acreditava que “poderia mudar as pessoas que o extorquiam”.
Lancelotti atua na Pastoral do Povo de Rua e é um dos principais defensores dos direitos dos adolescentes infratores no estado de São Paulo.
Batista, que é ex-interno na Febem, a atual Fundação Casa, negou a chantagem e afirmou ter recebido R$ 700 mil do padre durante seis anos de relação que os dois teriam mantido.
Everson foi preso em setembro do ano passado por suposto envolvimento no crime; Evandro e o casal foram para a prisão em outubro. Na semana passada todos foram libertados por decisão do juiz Caio Farto Salles, da 31ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça. Batista responde em liberdade por uma acusação de homicídio.
Recurso
A decisão dos promotores Fábio José Bueno e Luiz Antonio de Oliveira de entrar com o recurso na Justiça foi divulgada ontem pode meio de nota pela assessoria de imprensa do Ministério Público. Segundo a nota, os promotores sustentam no recurso que, apesar dos quatro terem sido absolvidos por falta de provas, “existem provas suficientes nos autos de que os acusados praticaram reiteradamente crime de extorsão contra o religioso”.
Defesa
O advogado dos quatro, Nelson Bernardo da Costa, disse estar preparado para contra-argumentar o recurso do Ministério Público. Ele afirmou que entrará na Justiça com seu próprio recurso para comprovar que não houve crime.
“Os promotores estão no direito deles. Isso [o recurso] já era esperado. O importante é que na primeira instância o juiz concluiu que não há provas”, disse o advogado.
Os promotores Bueno e Nusdeo não concordaram em dar entrevista dizendo que o processo tramita em segredo de Justiça. O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que atua no caso como assistente da Promotoria, foi procurado pela reportagem mas não quis dar entrevista. Na ocasião da absolvição, Greenhalgh havia divulgado nota afirmando que acreditava que a decisão seria reformada pelo Tribunal de Justiça.
Fonte: Folha de São Paulo