O batismo de Páscoa de um muçulmano italiano pelo papa Bento 16 representa um ato provocativo que levanta dúvidas sobre a postura do Vaticano a respeito do Islã, disse nesta segunda-feira uma figura importante nos esforços para promover um diálogo entre o Islamismo e o Cristianismo.
Aref Ali Nayed, um importante membro do grupo de mais de 200 estudiosos muçulmanos que lançaram recentemente fóruns de discussão com grupos cristãos, disse que o Vaticano havia transformado o batismo do jornalista Magdi Allam, nascido no Egito, em “um instrumento triunfalista para marcar pontos”.
Segundo Nayed, o Vaticano deveria distanciar-se das severas críticas contra o Islã publicadas por Allam no domingo, no jornal de Milão Corriere della Sera, do qual é vice-diretor.
Comentaristas na Argélia e no Marrocos repetiram as opiniões de Nayed, dizendo que a conversão de Allam era um assunto pessoal, mas que os ataques dele contra o Islã e o batismo dele pelo papa, tema de manchete em vários jornais, desgastavam as relações entre os muçulmanos e a Igreja Católica.
“O espetáculo todo faz nascer questões genuínas sobre os motivos, as intenções e os planos de alguns dos conselheiros do papa a respeito do Islã”, afirmou Nayed, que é diretor do Centro Islâmico Real de Estudos Estratégicos, em Amã.
“Apesar disso, não permitiremos que esse infeliz incidente nos desvie de nossos esforços para elaborar ‘Uma Palavra Comum’ em vista do bem da humanidade e da paz mundial. Nossa base de diálogo não consiste em uma tática de olho por olho, dente por dente.”
Nayed é um dos 138 estudiosos muçulmanos que em outubro passado divulgaram um apelo sem precedentes intitulado “Uma Palavra Comum”, por meio do qual conclamaram a realização de um diálogo sério entre os cristãos e os muçulmanos com base nos valores compartilhados do amor a Deus e ao próximo.
Desde então, dezenas de outros estudiosos assinaram o apelo.
Fonte: Reuters