Neste mês de outubro, durante o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista, pela primeira vez, em dez anos, a China vai submeter o país à mudança de liderança. Durante o congresso, em Pequim, sete dos nove membros do Comitê Permanente de Politburo (PSC) serão substituídos, incluindo o presidente Hu Jintao e o premiê Wen Jiabao. Seus sucessores já foram cuidadosamente selecionados e estão ansiosos para assumir os cargos vagos. Será que é possível esperar transformações políticas importantes em relação à liberdade de perseguição religiosa?
Qualquer estrangeiro viajando por cidades da China, rapidamente se esquecerá do país em que está. Restaurantes e lojas, incluindo marcas que representam tudo o que o capitalismo tem para oferecer, estão despontando por todo o território. Não há restrições de viagem (com exceção de áreas como o Tibete) e os moradores gostam de praticar suas habilidades na língua inglesa com os turistas. A aparência exterior da China está em contraste com o campo político. Um grupo dentro do Partido Comunista decide o curso do país. Ninguém sabe exatamente quem pertence a este grupo, embora seja evidente que todos os membros do CPS fazem parte dele. “São eles que vão eleger os novos líderes”, disse Xiao Yun*, diretor da Portas Abertas.
[b]Bloqueio de Pequim
[/b]
A conferência será realizada em meados de outubro, com a participação de 2.270 delegados de todo o país. É especulado que Xi Jinping e Li Keqiang sejam os sucessores de Hu Jintao e Wen Jiabao, respectivamente, como os dois maiores membros do Comitê Permanente Politburo de outubro/novembro de 2012, e assumam a presidência e o cargo de primeiro-ministro em março de 2013, no Congresso Nacional do Povo.
Yun espera que as Igrejas em toda a China, mas, especialmente, as cerca de três mil Igrejas em Beijing, sejam silenciadas, durante e logo após as reuniões do partido. “Pequim já está sofrendo bloqueio. Ordens de defesa foram emitidas. Centenas de milhares de soldados, policiais, guardas municipais e voluntários da comunidade foram mobilizados. Autoridades de segurança estão patrulhando as ruas, controlando o tráfego de veículos e a busca por insurgentes. As forças armadas estão guardando áreas-chave em Pequim. Assembleias, greves ou qualquer outra manifestação organizada em massa serão proibidas. Por isso, é muito provável que, como no passado, as Igrejas recebam uma carta na qual são convocadas a manterem um perfil tímido de atuação. O que significa: nenhuma atividade fora da Igreja; estrangeiros não devem visitar as reuniões e; encontros de adoração com mais de algumas dezenas de pessoas não são permitidos.”
Essas medidas também foram tomadas em “regiões autônomas” do Tibete e Xinjiang, onde ocorrem diversos protestos públicos (muitas vezes violentos) contra o governo chinês. “Mas, para as Igrejas locais, estas medidas não terão grandes implicações. Os cristãos, entre as minorias religiosas, precisam ser muito sigilosos, de qualquer maneira, porque a sociedade é mais contrária ao cristianismo do que ao governo chinês”, explicou Yun.
[b]Sem grandes mudanças
[/b]
A longo prazo, os líderes da igreja chinesa não esperam grandes mudanças depois da troca da liderança. “Enquanto nós nos comunicamos com o governo, eles nos deixam em paz”, expressou um líder de uma Igreja não registrada. “Todos os contatos da Portas Abertas nos dão esta mensagem”, acrescenta Yun. “Os líderes do Partido Comunista não são democratas. Eles querem permanecer no poder, mesmo após ter deixado sua posição oficial. Isso significa que a escolha de seus sucessores é feita com base nesse pensamento.
Esse caminho conduz o país às novas políticas de fortalecimento da economia, medidas contra a corrupção e, provavelmente também, em pequena escala, reformas políticas. “Quando você olha para a China durante um período de dez anos, vai perceber as mudanças drásticas, mas de ano para ano, as mudanças não são tão grandes”, diz Yun. “Por enquanto, a Igreja chinesa espera poder continuar crescendo em tamanho e em profundidade. O governo deve manter tudo sob controle, isso é certo, mas a opressão severa é algo do passado. Eu gosto de dizer que o governo está melhorando. Por outro lado, ainda há alguns cristãos na prisão por causa de sua fé e muitos ainda sendo perseguidos pela sociedade e, por vezes, pelo próprio governo”.
[b]Fonte: Missão Portas Abertas[/b]