Uma mulher trans fez um protesto contra um pastor que proibiu a entrada de transexuais em uma igreja. O ato aconteceu começou às 10h e foi atá as 14h30, em frente a Casa do Cidadão, em Vitória.
Mel é cabeleireira e conta que o problema com o pastor existe há um ano, quando ela foi à Igreja e teve uma experiência espiritual e a manifestação foi entendida pelo pastor como algo demoníaco.
[img align=left width=300]http://s2.glbimg.com/vzj–4p5qRhzbCFkngEQXS39LxA=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/10/18/mulher.jpg[/img]A trans disse que o pastor a agrediu e a arrastou para fora da Igreja com empurrões. Após o episódio, Mel registrou um Boletim de Ocorrência e moveu uma ação na Justiça.
Ela disse que o pastor, além de não permitir a entrada dela na Igreja, não a deixa comprar os livros que são vendidos na porta do templo. Mel segue indo até a frente da Igreja, em protesto silencioso.
A trans disse que é batizada e que vai a cultos fora da Igreja toda semana. “O pastor queria que eu cortasse meu cabelo, usasse roupas de homens. Eu disse que não é assim, eu não devo obediência ao pastor, se eu sentisse no meu coração que é o que Deus quer, eu faria”, disse Mel.
Mel questiona a função da Igreja. “Deveriam pregar o amor. Eles estão incitando a violência, como pode? Mesmo com tanta intolerância não é difícil ser crente. Acho que a intolerância deles é por se acharem perfeitos, mas sei que não são. Se ele faz isso comigo tá ensinando os outros membros a fazer”, disse.
No dia 13 de outubro, ela gravou um vídeo com uma amiga, que também é uma mulher trans, mostrando a situação. “É porque homossexual não pode, transexual não pode, ali é proibido”, explica ela no vídeo.
[b]Prefeitura[/b]
O Gerente de Direitos Humanos da Prefeitura de Vitória Dário Sérgio Coelho conta que a Casa do Cidadão já tem ciência do problema que a Mel tem enfrentado.
Em 2015, Dário confirmou que ela sofreu agressão na Igreja protestante e que moveu uma ação na Justiça contra o pastor. “Nós estamos orientado para ela fazer uma nova ação por causa dessa proibição, a Igreja não tem dono e acreditamos que ela tem direito”, completa Dário.
[b]Pastor[/b]
O pastor foi procurado pelo G1 para explicar o posicionamento dele sobre o episódio. Os contatos foram estabelecidos por telefone e e-mail. Até o fechamento da reportagem, ele não se manifestou.
[b]Especialista[/b]
O professor de filosofia da UFES Marcelo Martins Barreira explica que, do ponto de vista dos Direitos Humanos, o reconhecimento da dignidade de todas as pessoas respeitando suas especificidades é o que permite que as pessoas convivam democraticamente.
“Mesmo uma religião conservadora fere seus princípios ao ferir alguém. Um credo deve ser um elemento de enriquecimento da diversidade e não de discriminação. Muitas vezes os discursos religiosos são usados para justificar uma postura sexista e violenta, mas até as igrejas mais tradicionais elas fazem uma separação entre condenar o pecado e condenar o pecador”, comentou.
[b]Documentário[/b]
Em julho de 2015, Mel participou de um documentário do cineasta capixaba Adryellison Maduro, em que relatou a violência sofrida no local. A produção foi publicada no Youtube.
[b]Fonte: G1[/b]