Há 17 anos, duas jovens americanas tentaram denunciar um pastor da Igreja Batista do Sul, em Indiana, de abuso sexual. Foram orientadas a ficar caladas.
Com rumores de que uma outra Igreja Batista do Sul esteja se recusando a prestar atenção às acusações contra esse mesmo pastor, as mulheres começaram a falar sobre o caso novamente nos últimos dias.
Para dar força às suas palavras, elas estão usando a hashtag #ChurchToo, criada em 2017 com a mesma pegada da #MeToo, usada para aumentar a conscientização sobre assédio sexual e violência. A ideia é denunciar casos de abuso dentro das igrejas.
Megan Frey e Jo Anna Hendrickson, na época com 18 anos, afirmam que o líder da igreja queria “varrer as acusações para debaixo do tapete”. Elas foram pressionadas a ficar caladas, e o pastor acusado, identificado como Wes Feltner, estabeleceu uma sólida carreira na igreja.
Jo Anna, que faz parte de uma igreja Batista do Sul em Evansville, Indiana, disse ao “HuffPost” querer garantir que ninguém mais experimente o que ela passou.
“Não se trata apenas de Megan e eu, ou Wes Feltner. Trata-se de um grande problema em nossas igrejas, e tem sido um problema há muito tempo”, disse Jo Anna.
A Convenção Batista do Sul tornou o tema do abuso sexual uma prioridade, depois de ter sido atingida por vários escândalos nos últimos anos. Em setembro, ela organizou uma conferência para aconselhar as igrejas sobre como evitar abusos e apoiar as vítimas.
Feltner, que fez mestrado em divindade, atualmente é pastor e líder da Berean Baptist Church, em Minnesota. Ela não pertence à CBC. As acusações contra ele ressurgiram depois que ele se tornou um dos principais candidatos a uma posição de pastor sênior em uma igreja Batista do Sul no Tennessee, a Primeira Igreja Batista de Clarksville.
Feltner disse ao “HuffPost” que acredita estar enfrentando um esforço conjunto de um pequeno grupo de pessoas que querem impedi-lo de trabalhar no ministério.
“Elas me acusam de ‘abuso pastoral’ com base em eventos que ocorreram 17 anos atrás, quando eu era um jovem solteiro trabalhando como líder de jovens em uma igreja em Indiana. Divulgaram amplamente declarações de duas mulheres com quem eu namorei, com a permissão de seus pais, quando tinham 18 anos “, explicou o pastor.
Ele falou ainda que sua família está enfrentando uma ‘enxurrada de ataques online e ameaças pessoais’ e que ele responderia às acusações depois de sua igreja atual encerrar uma investigação sobre o assunto.
“Concordo com alguns dos fatos alegados nas declarações e lamento profundamente a mágoa que eu possa ter causado a elas. Mas algumas das alegações não são precisas “, ele continuou, admitindo, portanto, ter mantido relações com as duas jovens.
As duas mulheres alegam que o abuso ocorreu em 2002, quando tinham 18 anos e frequentavam a Primeira Igreja Batista do Sul em Evansville, Indiana, onde Feltner era pastor de jovens. Ambas dizem que inicialmente procuraram Feltner para aconselhamento depois de passarem por maus momentos com ex-namorados. Elas também afirmam que foram emocionalmente manipuladas pelo pastor e que ele pediu que elas mantivessem os encontros em segredo.
Megan conta que as sessões de aconselhamento logo se transformaram em reuniões com Feltner em sua casa, depois em banhos de espuma, sexo e uma viagem a Las Vegas. Ela ainda estava no ensino médio. Já Anna afirma que Feltner iniciou um relacionamento com ela no outono de 2002, enquanto ele também estava com Megan.
Ambas as mulheres disseram que seus respectivos pais estavam cientes de seus relacionamentos, mas confiaram em Feltner com suas filhas enquanto pastor.
A história veio à tona em um retiro de jovens da igreja no inverno de 2002, quando outro líder de jovens descobriu que Feltner estava mantendo um relacionamento com as duas. A situação foi levada à liderança da igreja, que pediu para esquecerem tudo, culpou as adolescentes e as pressionou a ficar em silêncio.
A igreja de Minnesota onde Feltner atualmente trabalha, Berean Baptist Church, anunciou uma investigação sobre as acusações na quarta-feira (6). Já o Seminário Teológico Batista do Sul suspendeu Feltner de suas atividades como professor adjunto.
Fonte: Universa – UOL