Milhares de mulheres de todas as idades marcharam nesta sexta-feira (28) em Buenos Aires e reativaram a luta pela legalização do aborto na Argentina, após em 8 de agosto, o Senado fazer a iniciativa cair por terra depois de meses de debate.
A mobilização foi realizada na celebração do Dia Global do Aborto Seguro na América Latina e no Caribe.
“Aborto legal, no hospital”, entoavam vez e outra adolescentes, estudantes do Ensino Médio e universitárias, adultas e idosas, atrás de uma enorme faixa que dizia: “Sim. Continuamos nas ruas pelo aborto legal”.
Como ocorreu em várias ocasiões este ano, a rua que liga o Congresso com a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada (governo), voltou a ficar pintada de verde, com bandeiras e lenços com a cor que identifica a luta pela legalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG).
“A luta continua, continuamos na rua desde que alguns dinossauros do Senado decidiram não nos dar a lei. Temos uma lista de mulheres que morreram por causa do aborto ilegal. As mulheres continuam morrendo, é fundamental tomar as ruas”, declarou à AFP Gisella Quiroga, uma jovem manifestante com as bochechas pintadas de glitter verde.
Na Argentina, o aborto é legal em casos de gravidez resultante de estupro ou quando se põe em perigo a saúde da mulher, mas cerca de 500.000 abortos clandestinos são realizados anualmente, e por essa razão morrem centenas mulheres, um quarto deles menores de 25 anos, segundo ONGs.
“O Senado estava errado. Pensou que poderia fazer retroceder o movimento. Eles não têm lucidez suficiente para perceber que põem em questão todo o sistema representativo”, advertiu Marha Rosenberg, médica e psicoanalista veterana ativista da campanha pelo aborto legal.
A líder de esquerda e enfermeira Vilma Ripoll pediu que convoquem “uma consulta popular vinculante, como na Irlanda”, de maneira que não tenham que esperar até 2020, com a mudança do Parlamento, para rever o projeto.
“A luta pelos nossos direitos não descansa nem retrocede. Vamos encher as ruas, sejamos milhões. Que seja lei!”, assinala uma mensagem gravada por populares atrizes argentinas que se somaram à convocação.
Fonte: AFP