A deputada europeia Lena Kolarska-Bobinska afirmou que a Igreja Católica como instituição está perdendo influência na Polônia.
Na entrevista abaixo, ela disse que os poloneses estão inclusive cansados da intromissão da igreja na política.
[b]Há um movimento de secularização na Polônia?
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Nos anos 1990, os vários partidos eram próximos à igreja. Mas a situação mudou, passados 20 anos. Agora, 33% dos poloneses afirmam não confiar mais na igreja, um número cada vez maior. Os poloneses estão fartos da instrumentalização. O exemplo flagrante remonta ao ano passado, depois do acidente do Smolensk que provocou a morte do presidente Kaczynski. As estreitas relações entre a igreja e o seu partido, o PIS, dirigido pelo seu irmão gêmeo, estão cada vez mais evidentes. As pessoas não gostam mais disso. Entre a história da cruz de madeira do palácio presidencial e as eleições de domingo, onde se encontrarão muitos padres candidatos pelo PIS, há uma exasperação por parte da população.
[b]Como o clero reage diante dessa perda de influência?
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A igreja não muda realmente. Continua se ocupando da política. As coisas não mudaram e não vão mudar por enquanto.
[b]A igreja perdeu a sua influência sobre a sociedade?
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Não exatamente, ou melhor, ainda não. A igreja ainda é muito poderosa na Polônia, particularmente junto às instituições. Mas, com relação aos jovens, a sua influência é cada vez mais fraca, isso é certo. A tendência é a mesma aqui como em outros países da Europa. O processo de secularização iniciou mais tarde e certamente é mais lento, mas pouco a pouco a Polônia irá se tornar semelhante aos países vizinhos.
[b]A quem ou a que os poloneses se voltam agora?
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É preciso distinguir. Muitas pessoas ainda acreditam em Deus, mas já não precisam especificamente da instituição. Trata-se sempre do problema da instrumentalização.
[b]O crescimento nas pesquisas do partido Ruch Palikota, abertamente anticlerical, é uma consequência dessa mudança na sociedade?
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Esse novo partido faz mover as coisas. É inegável que ele abriu uma brecha. Pelo menos 10% da população concordam com as suas ideias. Agora, as pessoas não têm mais medo de criticar as posições da instituição eclesial. Será mais fácil para muitas pessoas.
[b]Fonte: Paulopes[/b]