Impressionado com o Haiti pós terremoto, o teólogo chileno Pablo Richard, que participou no país do I Encontro de Escolas Bíblicas, Movimentos Bíblicos e Comunidades de Base, comenta vivências haitianas.
Ele entende que do ponto de vista eclesial e espiritual, a perspectiva no Haiti parece ser muito positiva a curto e longo prazos. Já na parte de reconstrução, não viu nenhuma edificação após o sismo, de modo especial na capital.
As cerca de dez mil ONGs que atuam no país (alguns falam que seriam somente seis mil) não são eficazes na gestão, além do atendimento emergencial. Elas sofrem críticas de corrupção, de receberem recursos que não chegaram até os necessitados ou é mal empregada.
Organismos civis internacionais como a Cruz Vermelha Internacional, Médicos sem Fronteiras e Centro de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, entre outros, “tiveram presença e atividade comprometida com a emergência e um desenvolvimento incipiente.”
Richard comenta que a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) exerce uma função de controle que desmobiliza e atemoriza o povo. Cria insegurança e destrói a auto-estima popular. É uma presença incômoda que as pessoas não gostam”. Ele viu uma parede pichada com a seguinte frase: “MINUSTAH e Cólera são dois irmãos gêmeos”.
Ele lembra países que mais ajudaram o Haiti, entre eles Brasil, Venezuela, Cuba, Argentina e Chile. “A ajuda é, fundamentalmente, para responder às emergências, mas se faz ineficaz se não há um plano mínimo de desenvolvimento. As grandes potências do mundo rico não têm a vontade real de levantar a Haiti. Muitos pensam que, quiçá, está-se experimentando no Haiti a possibilidade de fazer desaparecer povos pobres no mundo. Pode-se estar estudando a capacidade de resistência de um povo. Procura-se saber se é possível destruir a memória em nível mundial das grandes catástrofes no mundo pobre”, analisa.
A Conferência Nacional de Bispos está relativamente desarticulada e há um esvaziamento profético e pastoral, enquanto as seitas se Multiplicam e tiram muito dinheiro do povo, avalia. Ainda assim, vê perspectivas para o país, quando muitas igrejas trabalham sob o lema:
“Não percamos a esperança. Queremos ajudar a reconstruir a Haiti com a força do Evangelho.”
[b]Fonte: ALC[/b]