Na Nicarágua, a pressão sobre a Igreja — última instituição civil que sobreviveu à perseguição do governo — continua aumentando a cada dia. Embora o conflito entre Igreja e Estado seja antigo no país, ele se intensificou a partir de 2018.
Conforme a Portas Abertas, as igrejas foram classificadas como “inimigas do Estado” e têm sido atacadas pelos líderes desde então. Entre 2019 e 2022, houve 239 incidentes que afetaram cristãos.
No dia 4 de maio, a Assembleia Nacional, que é controlada pelo presidente Daniel Ortega, ameaçou processar os líderes das igrejas e confiscar suas propriedades. O motivo dessa perseguição é porque “eles ajudaram os manifestantes nos protestos de 2018”.
No discurso político, o governo alega que tais protestos foram uma tentativa de golpe de Estado e que considera a Igreja como cúmplice das manifestações por acolher e ajudar os feridos nas passeatas.
Rádios cristãs fechadas
No dia 1º de agosto a polícia invadiu a igreja Divina Misericordia, localizada em Sébaco, e exigiu que as estações de rádio e os canais de televisão da igreja fossem fechados. Os policiais também confiscaram os equipamentos de transmissão. Alguns cristãos tentaram intervir, mas a polícia atirou no ar para dispersá-los.
Essa medida foi coordenada pela Telecor, órgão regulador das comunicações da Nicarágua, que fechou outras emissoras também. Eles alegaram “irregularidades” na licença das rádios, apesar da garantia e esforços dos diretores em manter os documentos atualizados.
Esse cenário levou igrejas e cristãos a pedirem às autoridades que respeitem a liberdade de expressão e de religião. Organizações internacionais apoiam o mesmo. “A União Europeia condena a interdição arbitrária das sete estações de rádio cristãs e de outras mídias cristãs pelas autoridades na Nicarágua no dia 1º de agosto”, foi a declaração da organização ao portal de notícias BBC.
No dia 4 de agosto, a polícia tentou proibir o líder cristão Rolando Álvares de realizar o culto agendado para essa data, dizendo que Rolando “incita a violência das multidões e apoia movimentos para desestabilizar a nação”. Sob a mesma alegação, muitos líderes foram presos enquanto estavam realizando cultos.
Organizações cristãs também foram proibidas de se reunir em julho e recentemente foram obrigadas a sair do país por causa da perseguição. Em junho, um abrigo para garotas vulneráveis, abusadas ou abandonadas foi fechado sob acusação de falta de detalhes na declaração das doações. O lugar também abrigava idosos e está fechado até agora.
Governo controlador
As autoridades nicaraguenses controlam todos os sistemas produtivos da sociedade, além da mídia e da justiça, e não permitem as manifestações da igreja contra a violência do governo.
Em 2018, a população marchou contra os atos violentos da gestão do presidente Daniel Ortega, pedindo novas eleições. As manifestações foram duramente reprimidas pelos militares e todos que mostraram insatisfação com o governo vivem sob intensa perseguição.
Por meio do partido político FSLN, os governantes têm permanecido no poder na Nicarágua por meios ilegítimos.
Como a Igreja é perseguida na Nicarágua
Os cultos e as pregações são constantemente monitorados e o acesso à saúde pública foi tirado dos cristãos. Templos foram destruídos e líderes cristãos relatam danos psicológicos devido às contínuas ameaças.
Nas escolas, o currículo educacional público oferece conteúdo político alinhado com o regime que nega ou deprecia outras ideologias, como a cristã.
Patrícia Montenegro, membro do Observatório Pró-transparência e Anticorrupção, afirma: “As igrejas têm sido fundamentais na crise de direitos humanos na Nicarágua e, por isso, tornaram-se alvo da perseguição indiscriminada de Ortega e seus aliados”.
Segundo o advogado do Coletivo de Defesa dos Direitos Humanos, Carlos Guadamuz, “a igreja tem o suporte da população. Em nível nacional, a igreja foi a última instituição sólida que restou. Não há outros grupos civis que tenham escapado da perseguição”.
Folha Gospel com informações de Guia-me e Portas Abertas
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