O secretário-geral da Federação Luterana Mundial (FLM), Ishmael Noko, apelou aos candidatos que disputaram a presidência da República no Quênia para que encontrem uma solução pacífica à crise instalada após o anúncio da disputa eleitoral, no dia 27 de dezembro, espalhando um rastilho de violência no país, com um saldo de pelo menos 500 mortos e 100 mil refugiados.

“Não pode existir justificativa política para a baixa de vidas humanas, para a destruição sem nexo de casas e propriedades, e para a insegurança que resulte dessa violência”, disse Noko, natural do Zimbábue. Ele lembrou a caminhada do Quênia rumo à democratização e ao desenvolvimento, que trouxeram esperança à população. “Essa luz está sendo apagada pela violência, de modo trágico após as eleições, praticada por grupos étnicos”, lamentou.

O secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o queniano Samuel Kobia, propôs uma investigação independente sobre o processo eleitoral no país, monitorada por observadores internacionais. “Agora é hora de colocar os interesses da nação e da região acima de quaisquer outras conveniências”, afirmou.

Convidado pelo secretário da Conferência de Igrejas de Toda a África, o bispo metodista sul-africano Mvume Dandala, para ajudar a mediar as partes em conflito, desembarcou na quinta-feira, 3, no Quênia, o prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu. “Apelei aos dois líderes para que se encontrassem e falassem a respeito dos pontos dos quais discordam”, informou Tutu.

O anúncio da reeleição de Mwai Kibaki, do Partido da Unidade Nacional, à presidência do Quênia provocou uma onda de conflitos tribais no país. Kibaki e o candidato do Movimento Democrático Laranja, Raila Odinga, derrotado no pleito, trocam acusações sobre a prática de limpeza étnica. Odinga acusa o partido de Kibaki de fraudar o resultado das eleições.

O Banco Mundial alertou que a violência pode ameaçar os avanços alcançados pela economia do Quênia e prejudicar países vizinhos que dele dependem. O xelim queniano e as ações caíram 5% desde o início da crise. “Meu querido povo, o Quênia é nosso, juntos. É preciso parar e refletir sobre as conseqüências de nossas ações”, admoestou o cardeal John Njue, da Igreja Católica.

“O que precisamos agora é paz porque nenhum desenvolvimento poderá ser alcançado num período de caos. Os quenianos deveriam saber que atos de violência impactam negativamente na economia”, declarou o líder do Supremo Concílio Islâmico do país, Muhdhar Khitamy. De uma população de 37 milhões de habitantes, os cristãos representam 77% desse total, e 10% são islamitas.

A União Européia pediu que Kibaki e Odinga constituam um governo de coalizão. O presidente do Quênia mostrou-se disposto a uma negociação “desde que a nação esteja em calma”, objetou.

Fonte: ALC

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