Ex-secretário-geral do Vaticano denunciou superfaturamento e outras irregularidades na Santa Sé.
Um escândalo de corrupção explodiu no coração da Igreja Católica depois que uma TV italiana revelou, na noite de quarta-feira, cartas em que o ex-secretário-geral do Vaticano Carlo Maria Vigano denuncia superfaturamento e outras irregularidades na Santa Sé. No ano passado, Vigano acabou transferido para Washington, onde atua como núncio apostólico, apesar de pedir para permanecer no cargo no Vaticano, no qual sua permanência estava prevista até 2014.
Nas cartas enviadas em 2011 a superiores — incluindo o próprio Papa Bento XVI — Vigano diz ter encontrado “uma rede de corrupção, nepotismo e favorecimento” nos contratos para a conservação da Cidade do Vaticano. O ex-secretário-geral diz que os funcionários da equipe do Vaticano eram desmoralizados pelo fato de “os serviços serem sempre entregues às mesmas companhias a pelo menos o dobro do preço cobrado fora do Vaticano. O superfaturamento teria atingido até o presépio natalino da Praça de São Pedro. Vigano reduziu seu custo de instalação e manutenção de 550 mil em 2009 para 350 mil em 2010.
O então secretário-geral também aponta irregularidades na gestão do dinheiro da Igreja. Numa carta de abril do ano passado, ele diz que a administração de alguns investimentos do Vaticano foi entregue a fundos “que cuidam mais dos seus próprios interesses do que dos nossos” e “nos fizeram perder US$ 2,5 milhões numa única transação”.
As cartas foram escritas após Vigano ter sido informado de sua transferência. Ele se queixa ao Papa e diz que, mesmo que tecnicamente tenha sido promovido, a mudança “seria uma derrota difícil de aceitar” e “provocaria muita desorientação e desencorajaria aqueles que acreditaram que era possível extirpar muitas das situações de corrupção e abuso de poder que estão enraizadas na administração de vários departamentos”. Ele disse ser vítima de uma campanha de desprestígio por funcionários descontentes com suas medidas anticorrupção. Apesar dos apelos, Vigano foi enviado aos EUA.
O Vaticano reagiu à reportagem da rede de TV La 7 com críticas, embora tenha admitido a autenticidade das cartas ao expressar “tristeza com a publicação de documentos reservados”. A Santa Sé disse que a TV “trata assuntos complicados de maneira parcial e banal” e afirma estar pronta a ir à Justiça “defender a honra de pessoas honestas”. Sobre a transferência, o Vaticano diz que isso é prova “da indubitável confiança” depositada em Vigano pelo Papa.
[b]Fonte: Rádio Difusora – Aquidauana (MS)[/b]