Em 20 de março de 2012, após quase dois anos de prisão, Tamirat WoldeGorgis foi finalmente libertado. Marido e pai de duas filhas, ele foi condenado a três anos de prisão acusado de supostamente profanar o Alcorão
Sua prisão aconteceu após um desentendimento entre ele e um amigo muçulmano. O conflito resultou em um assalto a Tamirat. Na noite de 02 de julho de 2010, vários extremistas islâmicos liderados por seu colega de quarto, se aproximaram dele e começaram a insultar sua fé e a ameaçalo de morte. Quando o primeiro golpe atingiu seu rosto, Tamirat gritou pedindo ajuda.
Moradores da aldeia vizinha, de maioria muçulmana, rapidamente vieram o em seu auxilio, mas logo que ficaram sabendo os motivos pelos quais ele estava sendo agredido, se voltaram contra ele. Felizmente, haviam policiais à paisana na região. Inicialmente os policiais queriam ajudar Tamirat. No entanto, ao ouvir as acusações dos agressores que alegavam que Tamirat havia difamado o Islam, os políciais também o matraram e o levaram sob custódia.
No dia seguinte, dois irmãos na fé foram à delegacia para visitar Tamirat e descobriram o motivo de sua prisão. Quando perguntaram sobre ele, os policiais responderam asperamente que ele fora preso por insultar o Islã. Embora conhecessem Tamirat por pouco tempo, eles acharam muito estranha e inveridica a acusação, e cautelosamente tentaram defendê-lo. Isso provocou uma reação ainda mais agressiva por parte dos policiais e sem qualquer justificativa, os dois homens ficaram presos por vinte dias.
“No terceiro dia, amarraram minhas mãos e pernas e me bateram”, compartilhou Tamirat”. “Eles queriam que eu ‘confessasse’ que insultei o Islã e que eu escrevesse páginas do Alcorão. O interrogador me explicou que se eu confirmasse as acusações, eles melibertariam”.
Tamirat se recusou, dizendo que todas as acusações eram falsas. E explicou-lhes que tinha um acordo com seu companheiro de quarto que lhe devia dinheiro, mas que este para se livrar da divida havia planejado mata-lo. Então, o interrogador levou a Tamirat um formulário para assinar, que aparentemente reconhecia que ele havia passado por um interrogatório. O conteúdo do formulário estava em somali, uma língua que Tamirat não entendia. Inconscientemente como um bom cidadão, Tamirat assinou o formulário.
Somente quando seu caso foi levado perante o tribunal, ele ficou sabendo do que de fato se tratava o documento. Ao assinar o documento ele foi enganado e induzido a admitir a culpa. Tamirat pediu desesperadamente a oportunidade dese defender e afirmar a sua inocência. Mas o juiz negou-lhe esse direito e deu o veredicto. Tamirat foi condenado a três anos de prisão.
Na prisão compartilhaou uma célula de 4m x 4m com outros quarenta presos. Além de todas as condições insalubres da prisão, Tamirat se sentia completamente isolado de todos os seus relacionamentos. Nem mesmo seu advogado, nem os líderes de sua igreja tinham autorização para visita-lo. Doze meses depois, Tamirat já não tinha mais esperança de sair da prisão. O Supremo Tribunal havia negado a todos os seus apelos.
Tamirat tinham medo de revelar o motivo de sua prisão a outros detentos. Ele dividia a cela com perigosos criminosos muçulmanos e temia a reação deles compartilhasse sua fé em Cristo. “Mas, sendo um cristão devoto, era impossível esconder minha fé e o confronto não poderia ser evitado por muito tempo.”
A data do julgamento de Tamirat foi adiada por várias vezes. Ele não recebeu nenhuma notícia ou visita. Sentiu-se totalmente esquecido. “Por muitos meses eu não sabia que os cristãos estavam orando por mim”, disse Tamirat. “Ninguém foi autorizado a fazer contato comigo ou falar comigo mesmo quando estive no Tribunal”.
Mas em um dia específico no Tribunal, Tamirat percebeu algumas pessoas tentando fazer contato visual com ele, como se dissessem “estamos aqui por você”. Quando o juiz chamou Tamirat, ele viu os homens curvando a cabeça e ele sabia que eram cristãos e que estariam orando por ele naquele momento. Pela primeira vez em meses, uma alegria indescritível tomou conta de Tamirat.
O encontro com aqueles cristãos significava muito para Tamirat. Ele foi animado com a presença deles ali e Deus os usou para dizer que ele não estava sozinho nesse momento dificil. Embora estivesse fisicamente separado dos seus irmãos em Cristo, ele sabia as orações os unia como família.
Ter a certeza de que irmãos estavam orando por ele, era o que Tamirat precisva para enfrentar os próximos meses na prisão. “Eu estava totalmente convencido de que meu caso estava nas mãos do Senhor.”
Finalmente, saiu veredito do juiz. Eles não conseguiram encontrar provas para incriminá-lo, mas o juiz também não queria absolve-lo das acusações. Então, sua sentença foi diminuida para dois anos. A essa altura, ele já havia cumprido 16 meses de prisão. Cinco meses depois, Tamirat foi libertado.
Na noite de 20 março de 2012, Deus falou com Tamirat através de um sonho. “Deus me disse que eu seria liberado no dia seguinte”. Sua libertação aconteceu de repente. Em circunstâncias normais, os presos são ordenados a tomar banho e lavar suas roupas antes de sairem da prisão. Mas com Tamirat isso não aconteceu.
Tamirat não tinha idéia do que estava esperando por ele do lado de fora da prisão. Grande foi sua alegria quando viu vários cristãos à sua espera em frente à prisão, alegres e louvando a Deus por sua libertação.
“Que toda a glória seja dada a Deus, que me sustentou e guardou nas horas mais dificeis. O tempo de Deus é perfeito, Ele me fez mais forte e fortaleceu a minha fé. Agradeço tambem à Portas Abertas pelo apoio, preocupação e pelas orações”.
Tamirat recebeu livros cristãos de apoio da Portas Abertas.
[b]Fonte: Missão Portas Abertas[/b]