A Organização das Nações Unidas (ONU) desviou recursos destinados aos refugiados da caótica Somália para ajudar o Quênia, país que até menos de duas semanas atrás era visto como um bastião de estabilidade, mas que mergulhou na turbulência política por causa da denúncia de fraude nas eleições.
Cerca de 500 pessoas morreram e pelo menos 255 mil deixaram suas casas no Quênia desde o início dos quebra-quebras, após as eleições do dia 27 de dezembro, e as entidades assistenciais tiveram dificuldades para atender os desalojados.
“Transferimos 24 toneladas de cobertores e sabão de nossos depósitos no campo de refugiados de Dadaab no nordeste do Quênia… Agora eles estão aqui em Nairóbi”, disse na quarta-feira Emmanuel Nyabera, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
O campo de Dadaab abriga refugiados do conflito na Somália, onde soldados etíopes e do governo combatem insurgentes islamitas.
Nyabera afirmou que a agência vai começar a distribuir os suprimentos para famílias de várias regiões de Nairóbi, onde os quebra-quebras e os assassinatos com motivação política deixaram muitos desabrigados.
Milhares de mulheres e crianças estão acampadas a céu aberto em Nairóbi, já que gangues de rivais políticos e grupos étnicos incendiaram casas e expulsaram moradores.
“Considerando que o Quênia vem abrigando refugiados há anos e anos, achamos que era nossa obrigação intervir também na situação humanitária do Quênia”, afirmou Nyabera.
O Quênia é usado há muito tempo por agências da ONU como centro operacional de distribuição de ajuda para os países vizinhos. Funcionários da ONU já manifestaram a preocupação de que a crise queniana interrompa uma linha de suprimentos vital para assistir centenas de milhares de refugiados.
Fonte: Reuters