O ex-capelão da Base Aérea de Fortaleza, José Severino Cheregato, foi condenado a três anos sob a acusação de ter desviado dinheiro da capelania da instituição. A juíza tem agora oito dias para oficializar a sentença e a partir daí a defesa poderá recorrer.
Durante cinco horas o ex-capelão da Base Aérea de Fortaleza, padre José Severino Cheregato, 44, segurando um terço, manteve-se calmo acompanhando o julgamento sobre o desvio de dinheiro da capelania militar da Aeronáutica no Ceará.
No auditório de aproximadamente 120 lugares da sala de audiência da Justiça Militar das Forças Armadas, senhoras entoaram cânticos e rezaram ajoelhadas momentos antes da sentença proferida pela juíza Maria Socorro Leal. Por volta das 14 horas, por 4 a 1, veio a condenação de três anos por peculato.
A juíza tem agora oito dias para oficializar a sentença e a partir daí a defesa poderá recorrer. Enquanto isso, o ex-capelão permanece em liberdade. Logo após o resultado, os advogados de defesa, Paulo Quezado e João Marcelo Pedrosa, anunciaram que irão recorrer. Em menos de dois meses, este foi o segundo julgamento a que foi submetido o religioso. No dia 7 de agosto, Cheregato foi absolvido por 5 a 0 pela acusação de ter assassinado a tiros, em 2004, os soldados da Força Aérea Brasileira Francisco Cleoman Fontenele Filho e Robson Mendonça Cunha.
No julgamento de ontem o promotor do ministério militar, Alexandre Saraiva, sustentou a acusação de que Cheregato teria desviado recursos repassados por meio de doações à capelania militar. Com base em depoimento prestado por uma funcionária da igreja, ele chegou a pedir a quebra do sigilo bancário de três contas do ex-capelão. O resultado da análise das contas identificou que pelo menos R$ 300 mil depositados nas contas estavam sem origem declarada no imposto de renda e eram incompatíveis com os vencimentos do religioso.
Cheregato admitiu que parte desses recursos seriam oriundos de doações à igreja que ele teria colocado em sua conta particular, não tendo justificado o porquê de não ter aberto uma conta para a capelania. O ex-capelão da Base, porém, ressaltou que boa parte dos recursos seria oriundo de outros serviços realizados fora do horário de seu expediente na função exercida na capelania. A investigação dos bens apontou também dois imóveis e um veículo que teriam sido comprados com dinheiro das doações, reforçou o promotor.
Para o advogado Paulo Quezado as acusações contra Cheregato não seriam da competência da Justiça Militar, e sim, da Justiça comum. Ele afirmou que o ex-capelão da Base Aérea seria vítima de uma ”nova inquisição” e que o acusado teria sido execrado pela imprensa. A defesa considerou também que o procedimento de colocar o dinheiro da igreja na conta particular de Cheregato se justificava porque a capela da Base não poderia ter uma conta própria, já que não tinha CNPJ.
Fonte: Jornal O Povo