A festa de São Jorge, realizada há 63 anos em Quintino, na zona norte do Rio de Janeiro, estaria sendo controlada pela milícia. A denúncia, feita por barraqueiros instalados no entorno da Matriz de São Jorge, na rua Clarimundo de Melo, foi confirmada na terça-feira pelo pároco Marcelino Modelski, 41 anos.

Segundo ele, no último dia 7, um homem se dizendo “representante da milícia” do bairro o procurou, querendo “estabelecer algumas regras para o bom andamento das festividades”, iniciadas na sexta-feira.

“Ele (o desconhecido) disse que era da milícia e queria controlar até as cinco barracas da paróquia dentro da área da igreja. Disse que isso eu não permitiria jamais. Ele argumentou, então, que, para o bem da comunidade, a milícia não permitiria barracas no meio da rua Clarimundo de Melo, em frente à igreja, como acontecia em outros anos, para ordenar melhor o trânsito. Deixei claro que eu considerava isso uma afronta, mas, infelizmente, só temos controle sobre a área interna da matriz”, afirmou Modelski.

Segundo o pároco, o assunto foi denunciado pessoalmente por ele, no mesmo dia, ao comando do 3º BPM (Méier) e à 28ª DP (Campinho). “Estamos nos sentindo reféns de um bando que age livremente, enquanto todos pagam seus impostos para ter segurança pública”, afirmou o padre.

De acordo com os funcionários e responsáveis pelas cerca de 100 barracas – que vendem lembranças do santo, além de comidas e bebidas típicas -, os milicianos estão cobrando, diariamente, entre R$ 20 e R$ 50, dependendo do tamanho de cada uma.

O delegado de plantão da 28ª DP, Leonardo Salgado, disse desconhecer o assunto e que somente o delegado titular, José Otílio, que estava de folga, poderia ter informações sobre a denúncia do pároco. “Hoje (ontem), não recebemos nenhuma denúncia”, afirmou Salgado.

A assessoria da Guarda Municipal informou que a instituição atua só no controle do trânsito e que desconhece qualquer tipo de influência sobre o trabalho dos guardas.

Fonte: O Dia

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