Os “casamentos por conveniência” na Galícia, norte da Espanha, chegaram ao próprio clero. Um pároco da cidade espanhola de Tomiño oficializou união com sua assistente, uma brasileira, para evitar que ela fosse expulsa do país.
Segundo o jornal galego “La Región”, a união consumada em 1º de outubro durou pouco tempo, terminando 13 dias depois por ordem da Igreja.
O pároco de Tomiño, Ernesto Pazos Chaves, explicou que o único objetivo do casamento com a brasileira de 56 anos era regularizar a situação de sua assistente, que reside há mais de uma década na Espanha.
Chaves afirmou ter sido movido por “um sentido de caridade e humanidade” para evitar que a pessoa que cuida dele e lhe faz companhia desde que seus pais morreram tivesse, “contra sua própria vontade”, que regressar ao Brasil.
O padre negou a existência de uma relação sentimental entre ambos.
Com a união, explicou, a assistente poderia renovar a sua permissão de residência na Espanha, que venceu em 6 de outubro.
Esta notícia prova que a polícia da Galícia precisa expandir as investigações sobre os “casamentos por conveniência”. Há pouco tempo, as autoridades locais anunciaram o combate às uniões arranjadas entre portugueses e brasileiras.
Na altura, o inspetor-chefe da Unidade de Estrangeiros e Documentação da Polícia Nacional de Verín, Juan Blanco, disse à Lusa que estavam sendo investigados supostos “casamentos por conveniência” entre brasileiras e portugueses na província de Ourense, na Galícia.
Segundo Juan Blanco, este é um “fenômeno crescente” na região e o objetivo do acordo seria a legalização das brasileiras mediante o pagamento ao “noivo” de uma quantia superior a 3 mil euros (R$ 7.500).
“O que elas querem é conseguir a residência para não poderem ser expulsas do país”, afirmou Blanco.
O inspetor acrescenta que, caso seja descoberto que os casamentos são “fictícios”, as mulheres são automaticamente extraditadas e os dois envolvidos recebem punição prevista no Código Penal.
As autoridades policiais galegas dizem que ainda não é conhecido o número de casamentos “por conveniência” entre brasileiras e portugueses realizados naquela região da Espanha, mas garantem que se trata de um fenômeno “crescente”, com a “agravante” de, muitas vezes, as bodas se realizarem pela igreja.
Por isso, em meados deste ano, as autoridades locais começaram a pesquisar os registros das uniões civis e cruzar dados com a polícia portuguesa para tentar chegar a uma estimativa e desmascarar os eventuais infratores.
Esta investigação acontece também em outras regiões da Espanha.
Fonte: Lusa