Eles foram excluídos do ministério sacerdotal, com ou sem a necessária dispensa do compromisso do celibato concedida unicamente pelo papa, para aceitar os desejos da carne e seguir o coração. Defendem que “uma vez padre, sempre padre” e, por esse motivo, não gostam de usar a palavra “ex”.

Nesta semana, os padres casados de todo o País se reunirão na cidade de Brodowski, em encontro organizado por um padre casado de Ribeirão Preto, para discutir ideias e falar sobre o que o fizeram deixar a Igreja Católica: a mulher.

O Encontro Nacional dos Padres Casados ocorre a cada dois anos, promovido pelo Movimento Nacional dos Padres Casados, e está na sua 18ª edição. É a primeira vez que ocorre na região de Ribeirão —a última foi em Recife, que contou com a presença de 60 padres casados e suas famílias.

“Mais do que discutir o papel da mulher na história, na sociedade ou na Igreja, o encontro irá focar a harmonização do masculino e do feminino”, afirmou o organizador do encontro, o padre casado Mário Palumbo. Ex-monge beneditino, empresário e professor universitário aposentado, ele decidiu largar a batina depois de 12 anos atendendo como Dom Martino.

“Ela trabalhava na Igreja e sempre foi uma mulher inteligente, resolvia todos os nossos problemas”, disse Palumbo sobre a sua mulher, Margarida Palumbo, “única mulher que conheci em toda a minha vida”, disse. O casamento ocorreu em dezembro de 1970.

Decidir sobre deixar ou não a Igreja foi difícil. O padre casado Vanilson Alberto Soares, junto com uma mulher há nove anos, lembra que também passou por momentos de crise até decidir ficar com a mulher dele, Magali Aparecida Assunção. “Não me lembro como começou, mas de repente eu já estava envolvido emocionalmente com ela”, afirmou ele.

O conflito com o celibato é considerado um dos grandes desafios do sacerdócio e é um dos problemas mais sérios do Vaticano. De acordo com o Movimento Nacional dos Padres Casados, nos anos 70, dez mil padres se casaram em todo o mundo e hoje, o número saltou para 120 mil. No País, os números eram 200 na época e hoje, saltou para 4 mil. Com o clero de 15 mil padres, existe hoje um padre casado para cada quatro solteiros no País.

Fonte: Gazeta de Ribeirão Preto

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