O papa Bento 16, que se reúne na semana que vem com bispos irlandeses para discutir a questão da pedofilia no clero, disse que a Igreja Católica precisa ficar atenta contra quem viola direitos infantis.
Em uma conferência sobre a proteção da infância no Vaticano, o pontífice admitiu que “infelizmente, em vários casos, alguns dos membros (da Igreja) agiram em contraste com esse compromisso.”
O item central da reunião do papa com os bispos irlandeses será o relatório da Comissão Murphy, um grupo governamental que em novembro acusou os líderes católicos de acobertarem abusos disseminados contra crianças ao longo de 30 anos no país.
Em seu pronunciamento nesta segunda-feira, o papa disse que as duras palavras de Jesus na Bíblia contra quem faz mal às crianças “deveriam comprometer todos a nunca baixarem o nível do respeito e do amor.”
A entidade norte-americana Snap, que reúne pessoas molestadas na infância por padres, disse em nota que o papa deveria se pronunciar com mais ênfase sobre a cumplicidade dos bispos.
O Relatório Murphy disse que os bispos acobertaram “obsessivamente” os abusos na arquidiocese de Dublin entre 1975 e 2004, mantendo uma política que tinha por lema “não pergunte, não conte.”
Depois do relatório, o Vaticano convocou vários líderes do clero irlandês para reuniões em Roma. A Santa Sé disse sentir “ultraje, traição e vergonha” pelos abusos.
A reunião na semana que vem deve tratar também de uma carta que o papa dedicará ao povo irlandês — é a primeira vez que o papa publica um documento unicamente sobre o abuso de crianças.
O Relatório Murphy diz que todos os arcebispos de Dublin no período estudado tinham ciência de alguma queixa, mas estavam mais preocupados em proteger a reputação da Igreja.
O papa já condenou de forma incisiva os abusos infantis pelo clero em visitas a dois países marcados pelo problema — Austrália e Estados Unidos. Críticos dizem no entanto que não houve empenho suficiente da Igreja em punir os culpados.
Fonte: Reuters