O papa Bento 16 surpreendeu o mundo ao dizer, nesta segunda-feira, que irá renunciar como líder da Igreja Católica em 28 de fevereiro por não ter mais as forças necessárias para realizar os deveres de seu ofício, tornando-se o primeiro pontífice desde a Idade Média a tomar decisão deste tipo.
O papa, alemão de 85 anos, visto como um herói por católicos conservadores e com suspeição por liberais, disse que havia percebido que sua força havia se deteriorado nos últimos meses.
Um porta-voz do Vaticano disse que o papa não havia renunciado por “dificuldades no papado” e que a decisão havia sido uma surpresa, indicando que mesmo os auxiliares mais próximos não sabiam que ele estava para deixar o cargo. O papa não teme uma cisão na igreja após sua renúncia, disse o porta-voz.
O papado de Bento 16 foi marcado por uma crise a respeito de abuso sexual de crianças que abalou a igreja, por um discurso que desagradou muçulmanos e por um escândalo envolvendo o vazamento de documentos privados através de seu mordomo pessoal.
Em um comunicado, o papa disse que para governar “tanto a força da mente quanto do corpo é necessária, força que nos últimos meses tem se deteriorado em mim ao ponto de ter que reconhecer a minha incapacidade de realizar adequadamente o ministério que foi confiado a mim.”
“Por esta razão e consciente da seriedade deste ato, em completa liberdade, eu declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro”, disse o papa, de acordo com um comunicado do Vaticano.
Nos últimos meses, o papa parecida cada vez mais frágil em suas aparições públicas, muitas vezes precisando de ajuda para caminhar.
O porta-voz do Vaticano disse que o pontífice irá renunciar às 16h (horário de Brasília) do dia 28 de fevereiro, deixando o posto vazio até que um sucessor seja escolhido.
Bento 16 foi eleito para suceder João Paulo II, um dos pontífices mais populares da história. Ele foi escolhido em 19 de abril de 2005, quando tinha 78 anos, 20 anos mais idoso que João Paulo II quando foi eleito.
O papa Bento 16 era aguardado no Rio de Janeiro em julho deste ano, na Jornada Mundial da Juventude, que vai reunir milhões de jovens católicos do mundo inteiro.
[b]Cinco cardeais brasileiros devem participar de eleição do próximo papa[/b]
Segundo a última lista do Vaticano, atualizada há duas semanas, há um total de 119 cardeais aptos a votar no conclave.
Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos.
O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas cinco deles já ultrapassaram a idade limite.
[b]Até a Páscoa
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Os cardeais brasileiros que poderão votar são dom Cláudio Hummes, de 78 anos, ex-arcebispo de São Paulo e atual prefeito emérito da Congregação para o Clero, dom Geraldo Majella Agnelo, de 79, arcebispo emérito de Salvador, dom Odilo Scherer, de 63, arcebispo de São Paulo, dom Raymundo Damasceno Assis, de 76, arcebispo de Aparecida, e dom João Braz de Aviz, de 64, arcebispo de Brasília.
Dom Eusébio Scheid, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, está fora do conclave por ter completado 80 anos em dezembro. Também já ultrapassaram a idade limite os cardeais dom Paulo Evaristo Arns, de 91 anos, ex-arcebispo de São Paulo, dom Serafim Fernandes de Araújo, de 88, ex-arcebispo emérito de Belo Horizonte, e dom José Freire Falcão, de 87, ex-arcebispo de Brasília.
A lista de eleitores no conclave tem cardeais de cerca de sete dezenas de países diferentes. Os cardeais italianos são os de maior número.
Segundo o porta-voz do Vaticano Federico Lombardi, o conclave deverá ser realizado entre 15 e 20 dias após a saída de Bento 16.
“Devemos ter um novo papa até a Páscoa”, afirmou Lombardi.
[b]Fonte: Reuters e BBC Brasil[/b]